Equívocos
Abro a edição da Tribuna, do último domingo passado e me deparo, já na capa, com uma das manchetes: Primeiro Distrito volta a ser destino turístico. Penso que perdi algo no meio do caminho: como conseguiram isto em 30 dias, se nada se viu que mudasse a situação prevalente dos anos anteriores? Planos foram apresentados para a construção de um centro de convenções, para 4 mil pessoas em Itaipava, mas a respeito disto, há muitos anos se escuta falar e o mesmo já foi objeto de promessas de várias campanhas eleitorais nos últimos anos.
Nosso turismo só vai mudar quando realmente for levado a sério, com gerenciamento profissional e ações institucionais voltadas exclusivamente para ele, o que a bem da verdade nunca vi em Petrópolis. Para que construir um centro de convenções em Itaipava? Não seria mais lógico e imediato se buscar uma parceria com o Sesc e utilizar o Quitandinha que está pronto e fica fechado praticamente o ano todo? Deus está no todo e o diabo nos detalhes: gestores públicos buscam grandes fatos, grandes obras que mostrem sua realização, em sua maioria, questionáveis. Itaipava, hoje, nem tem capacidade hoteleira para 4 mil pessoas. Outrossim, não menos importante, estacionamento previsto para 1.000 carros apenas; onde serão estacionados os outros? Ao longo da BR 040?
Mas a soberba não para por aí: está sendo vendida uma ideia de transformar a antiga fábrica Dona Isabel, após revitalizada, num centro administrativo do município. Uma das ideias mais infelizes dos últimos tempos. Não canso de defender (e o faço há muitos anos) que caso venha a ocorrer a revitalização, no local deveria ser criado um grande feirão, em contra ponto aos grandes feirões da baixada fluminense, estacionamentos para carros e ônibus de turismo, banheiros de apoio, restaurante, lanchonete, hostel, sala de treinamento para o pessoal da Rua Tereza, uma faculdade e um museu de moda, tudo servindo de apoio para o polo de comércio que a Rua Tereza representa e que poderia novamente voltar a ter a importância do passado. Não há uma justificativa plausível para transformar a antiga fábrica num centro administrativo, inútil e desnecessário a pretexto de uma duvidosa centralização de serviços. Quem bancaria a revitalização para uso da prefeitura? Uma parceria público privada não interessaria a nenhum investidor. Para que investir e alugar para o governo com todos os riscos inerentes?
Enquanto o turismo for tratado como uma sub indústria do qual os governantes desacreditam seu imenso potencial e valor em geração de empregos e rendas a curto prazo, continuará sendo levado com a apresentação de factoides após factoides de governos. Penso que já passou da hora de se ter um planejamento sério nesta área. Temos que balizar um equacionamento de ações institucionais e de parcerias público-privadas ( neste caso, sim) para desenvolvermos e aproveitarmos melhor nosso potencial de uma indústria turística pronta, que de tão mal gerida não se extrai dela tudo o que ela poderia trazer de benefícios.
Espero que nossos governantes pensem, avaliem melhor, suas ações com relação ao turismo. Petrópolis está pronta para que dela se tire o melhor proveito nesta área. Por que não começar se colocando wi-fi em toda a Cidade e se criando um aplicativo para smartphones e tablets com informações geopolíticas e de turismo, melhorando a sinalização da Cidade e deixando-se de cobrar estacionamento rotativo, um verdadeiro abuso? Já seria um bom começo.