• Entre a poesia e a prosa

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  • 25/01/2016 11:10

    A nossa vida está entre a poesia e a prosa, entre o sonho e a realidade. Se procurarmos definir os dois aspectos, podemos dizer que a poesia transmite a realidade de dentro para fora. Isto quer dizer que cada leitor pode interpretá-la de modo diferente, pois ela se constitui de um aspecto único – a subjetividade, ou seja, as diferentes opiniões que as pessoas possuem sobre um determinado assunto. Outro fator de extrema importância é que na poesia não há uma sequência contínua, expressa pelo começo, meio e fim. A interpretação viaja pelo mundo interior de cada um se transformando numa poesia subjetiva. Já a prosa tem uma lógica mais completa, pois o desenrolar dos acontecimentos acompanha uma sequência (começo, meio e fim). Outro aspecto é que o autor escreve a partir da sua fala da realidade, de fora para dentro, sem a sujeição à rima, ritmo, parágrafos, estrutura métrica, aliterações ou número de sílabas. A prosa é o estilo mais utilizado na linguagem do cotidiano para expressar o pensamento racional porque a linguagem predominantemente está no discurso analítico, objetivo, real e pouco ambíguo. É, em resumo, o texto corrido. O conto, a crônica, a novela e o romance são exemplos de texto em prosa. Em geral, a prosa apresenta análise, narração e linguagem discorrida de maneira contínua. Também são exemplos o texto jornalístico e o técnico. O termo prosa é usado para designar um texto em que o autor oferece ao leitor a ambientação do personagem e seu mundo dentro de um espaço físico e temporal. 

    Exemplos: “Dorme ruazinha… É tudo escuro… / E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? / Dorme teu sono sossegado e puro, /

    Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos… / 

    Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro… / Nem guardas para acaso perseguí-los… / Na noite alta, como sobre um muro, /

    As estrelinhas cantam como grilos… / O vento está dormindo na calçada, / O vento enovelou-se como um cão… / Dorme, ruazinha… Não há nada… / Só os meus passos… Mas tão leves são, / Que até parecem, pela madrugada, / Os da minha futura assombração…”  – Mário Quintana

    “O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido” – Charles Chaplin.

    No primeiro texto, percebemos que a emoção, os sentimentos estão à flor da pele. É exatamente por este motivo que o classificamos como “poesia”, pois o autor, no caso, Mário Quintana, se expressa de dentro para fora. Já no segundo exemplo, o texto se apresenta no estilo natural, sem a sujeição à rima, ritmo, parágrafos, estrutura métrica, aliterações ou número de sílabas, transmitindo uma opinião do autor, o gênio Chaplin. Podemos considerar que se todos seguissem este texto como diretriz e como dogma, a realidade do mundo seria outra. O amor, o sentimento e o respeito por todas as coisas da natureza deveriam prevalecer sobre os interesses materiais e pessoais que hoje dominam a humanidade. Vamos olhar o próximo como parceiro e não como concorrente. Não tenhamos medo, pois, só assim, as árvores frutificarão.  

     achugueney@gmail.com

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