• Entenda a polêmica no boxe olímpico com vitória de atleta reprovada em teste de gênero

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  • 01/ago 13:21
    Por Estadão

    A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino na Olimpíada de Paris-2024, durou apenas 45 segundos. Carini foi atingida por um golpe no rosto logo no início e se dirigiu ao corner para arrumar o capacete, mas abandonou a luta na sequência.

    A italiana revelou um problema anterior no nariz e descartou que a sua decisão tenha relação com a polêmica envolvendo a adversária. “Eu entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria ganhar. Recebi duas injeções no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.

    Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.

    A luta esteve envolvida em uma polêmica antes mesmo de ser iniciada. Isso porque Imane Khelif foi autorizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a participar dos Jogos Olímpicos mesmo depois de ter sido reprovada em testes de gênero.

    No Mundial de Boxe do ano passado, realizado na Índia, Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting – que também vai disputar a Olimpíada – foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “elas tinham cromossomos XY (que determina o sexo masculino)”.

    “Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

    O governo italiano, através da ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”.

    “É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.

    A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.

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