Encruzilhada
Como cinéfilo e considerando-se o tema do artigo, não posso deixar de citar o filme Crossroads (no Brasil, Encruzilhada; em Portugal: A Encruzilhada). É um longa-metragem de 1986 estrelado por Ralph Macchio, Joe Seneca, Jami Gertz; dirigido por Walter Hill; com música de Ry Cooder e participação do guitarrista Steve Vai. É, ao mesmo tempo, um sucesso de público e crítica e um “cult movie”. Eugene Martone (Ralph Macchio) é um jovem e talentoso guitarrista que está buscando uma canção de sucesso para alcançar o estrelato. Ele pede ajuda a Willie Brown, um veterano músico de blues, e o segue até sua cidade de origem.
Aprendendo a arte do blues, o jovem não sabe que está a caminho de uma encruzilhada, onde um dia o velho negociou com o demônio sua alma em troca de fama. É ou foi comum, citarmos a frase francesa “Ce Soir Ou Jamais” – esta noite ou nunca, para salientarmos a importância de não se deixar passar uma oportunidade de seguir pelo caminho certo. “As oportunidades parecem vir repentinamente de fora, mas, na realidade, somos nós quem as criamos e as fazemos acontecer. Existe um ditado antigo: "Ocorrem situações auspiciosas na casa onde há virtudes acumuladas". Quem sempre dedica amor ao próximo e trabalha para dar alegria aos semelhantes terá naturalmente oportunidades que lhe trarão muita alegria.” – Masaharu Taniguchi. No mundo poético: “Encontro-me / Na verdadeira encruzilhada / Não vejo sinal ou luz / Nem seta alguma que aponte. / Não há caminho certo. / Só dualidades. / A vida é assim, também: / Certo ou errado. / Então o que fazer? / Se a confusão / Resume as coisas / Em 50% de chance. / Ao menos isso é cruel; / E nem certo disto / Pode-se estar / Tudo pode dar certo. / É tudo mentira, / Ou tudo verdade / E só resta seguir / Um dos caminhos. / Então é negro ou branco / É chuva ou sol / É terra ou ar / É água ou fogo. / É reconhecimento, ou então / A fulgura do mudo esquecimento. / É sim ou não / É paz ou tormento. / É noite ou dia, / E não há espaço para os dois / Nem transição ou interface / Nem crepúsculo ou ocaso. / É alto ou baixo / Céu ou inferno / É escolha ou destino / Quente ou frio. / É glória ou fracasso / É perene satisfação / Ou desgosto e frustração / É vida ou morte. / Na encruzilhada é assim: / Não há tempo para pensar. / Não espaço para interpretar / É só uma escolha angustiante. / Dentre escolhas possíveis / Sem conhecimento do futuro / Sem certeza de nada / Que faze-nos esperar o que vier.” – Alexander Herzog. D
ando uma guinada de cultura, vamos discorrer, um pouco, sobre o I Ching, o livro das mutações. Concebido há mais de 3 mil anos, com base no conceito de yin e yang, positivo e negativo, este oráculo chinês é cultuado na atualidade, e muitas vezes utilizado como orientador na dúvida de qual caminho seguir. Avançando no momento de avançar, parando no momento de parar, recuando ou desviando conforme a circunstância, deixamos de “remar contra a maré”, harmonizando-nos com os movimentos naturais do Universo e da vida. É somente através dessa consciência que podemos interferir verdadeiramente em nosso próprio destino. Assim, quando você se encontrou diante de uma encruzilhada com dois caminhos a sua frente? Tenha sempre em mente que só a você cabe decidir qual caminho tomar. Tomar o que leva para o positivo ou se enveredar para o negativo e viver todas as consequências da sua escolha. Lembre-se que as vezes de uma gota d’água se faz uma tempestade e que o seu equilíbrio é fundamental em toda encruzilhada.
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