• Empresas de ônibus faltam à audiência pública sobre transporte em Petrópolis

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  • 09/jul 08:17
    Por Wellington Daniel | Foto: Wellington Daniel/Tribuna de Petrópolis

    As empresas de ônibus não enviaram representantes para a audiência pública convocada pela Câmara de Vereadores de Petrópolis, realizada nessa terça-feira (08), para debater a crise no transporte público da cidade. A ausência das viações foi considerada um “desrespeito” pelos parlamentares, especialmente diante do cenário crítico enfrentado pelos passageiros.

    A audiência, presidida pelo vereador Júnior Coruja (PSD), teve início às 19h, apenas uma hora após o fim de mais uma paralisação dos rodoviários da Turp — a segunda em menos de quinze dias. Durante a tarde, usuários ficaram sem saber se conseguiriam voltar para casa.

    Coruja abriu a sessão exibindo um vídeo com relatos de passageiros sobre os problemas enfrentados no sistema. Ele também apontou a redução da frota em linhas importantes. A 700 – Terminal Itaipava, por exemplo, operava com 26 coletivos e atualmente conta com 17. Já a linha 600 – Terminal Corrêas x Centro, que tinha 10 ônibus, hoje é atendida por apenas um veículo.

    Nos bairros, a situação é semelhante. A linha 701 – Barra Mansa, antes com dois ônibus, está desativada. Já a linha 699 – Araras (Corujão) deixou de seguir até o Centro, encerrando o trajeto em Bonsucesso.

    “O sistema de transporte público do nosso município enfrenta uma crise profunda, marcada por diversos problemas estruturais e operacionais”, disse o presidente da Câmara, citando problemas para rodoviários e para os passageiros.

    Também foram apresentadas sugestões de novas rotas, como Vale das Videiras x Bingen e Posse x Bingen. Participaram da audiência os vereadores Júlia Casamasso (PSOL), Léo França (PSB), Lívia Miranda (PCdoB), Thiago Damaceno (PSDB), Tiago Leite (PSD) e Wesley Barreto (PRD), além de representantes da OAB, da Defensoria Pública e do Sindicato dos Rodoviários.

    CPTrans diz ter aplicado mais de 1,5 mil multas

    Pela CPTrans, estiveram presentes o presidente da companhia, Luciano Moreira, e o coordenador de transportes, Júnior Cesar. A autarquia afirmou já ter aplicado mais de 1,5 mil multas às empresas apenas em 2025. Também destacou o plano de contingência, que será apresentado na íntegra durante a Conferência de Trânsito e Transportes, marcada para setembro.

    Moreira afirmou que a fiscalização será intensificada. “Vamos continuar trabalhando neste sentido de fiscalizar mais e, principalmente, fiscalizar melhor, para que essa fiscalização gere resultado na ponta.”

    Passageiros ficam a pé mais uma vez

    Nessa terça-feira, passageiros ficaram sem transporte por pelo menos quatro horas. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, a paralisação foi motivada pelo não pagamento integral dos salários de cobradores, mecânicos, auxiliares de limpeza e demais funcionários. Também foram apontadas a ausência do pagamento de férias e do terço constitucional para trabalhadores afastados, além da falta de repasse integral das horas extras previstas em convenção coletiva.

    A Turp atualmente opera linhas que atendem todos os cinco distritos de Petrópolis, do Quitandinha à Posse. Com a paralisação, muitos usuários ficaram sem alternativa para voltar para casa.

    Por volta das 17h, aplicativos de transporte indicavam preços “muito mais altos” que o normal. A viagem do Terminal Centro até Itaipava, por exemplo, variava de R$ 78 a R$ 84, dependendo da categoria escolhida.

    O aposentado Jorge Luís da Silva, de 68 anos, morador da Vila Rica (Itaipava), enfrentava a mesma situação pela segunda vez. “Faço tratamento aqui no Centro. Dependo do ônibus para ir para casa, pois é muito longe”, relatou.

    Já Alessandra Lima, de 38 anos, tentava chegar ao Retiro. “Duas semanas atrás teve uma paralisação e agora outra, sem aviso prévio. Nem vi o preço do transporte por aplicativo, mas acredito que esteja no dinâmico. Daqui onde eu moro a pé, não consigo nem calcular, mas deve ser mais de duas horas. Com criança, não dá”, afirmou.

    O Setranspetro não respondeu aos questionamentos sobre a ausência das empresas na audiência. Em relação à paralisação, a Turp informou que o movimento foi encerrado por volta das 18h. A empresa disse que pagou 80% dos salários na sexta-feira anterior e concluído o restante nesta terça. Também classificou o movimento como irregular, o que, segundo ela, agravou os prejuízos da companhia e dos usuários.

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