Empresa que exibiu bandeira dos Estados Confederados será banida do evento, diz organização da Deguste
Após a polêmica em torno da bandeira dos Estados Confederados, um símbolo associado a grupos supremacistas raciais dos Estados Unidos, que foi exibida em um estande da Deguste, na sexta-feira (11), a organização do evento anunciou que o expositor não participará mais da feira.
Entidades do movimento negro de Petrópolis e o prefeito Rubens Bomtempo se manifestaram pelas redes sociais com publicações de notas de repúdio e pedindo medidas para que situações como esta não voltem a se repetir. Caso nova manifestação do tipo ocorra, a licença para a realização da feira poderá ser suspensa, divulgou o prefeito.
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A bandeira estava entre duas outras bandeiras do Brasil e foi identificada por uma turista norte-americana que, em inglês, questionou se as pessoas no local conheciam o significado, enquanto pedia a retirada imediata da bandeira – o que só aconteceu quase no fim do evento.
O prefeito Rubens Bomtempo divulgou uma nota sobre o assunto, e disse que, ao tomar conhecimento dos fatos ocorridos, lamentou e repudiou o ato.
“Entendemos que este foi um fato isolado dentro de um evento privado. Cabe à direção da feira Deguste a responsabilidade de tomar as providências para que o expositor não volte a participar do evento”, pontuou.
Ainda na nota de repúdio, o prefeito disse que, caso situações do tipo sejam flagradas novamente na feira, o evento poderá ser suspenso. “A Prefeitura concede autorização para o evento funcionar em espaço público. Por isso, alerto os responsáveis que caso manifestações como essa voltem a acontecer, isso representará a suspensão do evento até que haja parâmetros definidos contra qualquer forma de intolerância”. O prefeito disse ainda que o evento não pode servir para manifestações racistas ou de qualquer outro tipo de intolerância.
Movimento negro se manifesta
Felipe Laureano, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Petrópolis, e representante do Segmento de Culturas Afro-Brasileiras, Quilombolas e Matrizes Africanas também divulgou uma nota pública manifestando o repúdio contra o ato feito dentro da feira de cervejas artesanais. “O racismo e a intolerância, em pleno século XXI, são inaceitáveis e devem ser firmemente combatidos em todas as instâncias”.
Mônica Valverde, presidente do Movimento Afro Serra, também se manifestou sobre o assunto repudiando a presença da bandeira no evento e pedindo que os responsáveis sejam punidos de alguma forma . “Assim como qualquer evento que gere trabalho e renda pra cidade é importante, precisamos redobrar os cuidados para que isso não volte a acontecer em nenhum outro evento. Não podemos aceitar em hipótese alguma que isso ou qualquer outro ato desta natureza se repita”, disse.
Organização do evento diz que desconhecia simbologia da bandeira
A organização da Deguste também publicou, em rede social, esclarecimentos sobre o assunto. Disse que chegou à sua 70ª edição, sem nunca ter ocorrido a promoção de ideologias de quaisquer natureza que entrem em conflito com o respeito à diversidade e à pluralidade humanas e que rechaça o ato ocorrido. Disse que esta foi a primeira vez que o expositor participou do evento e que “o que nós da Deguste podemos dizer é que até ontem não tínhamos nenhum conhecimento acerca desse símbolo. Trata-se de um nicho ideológico lastimável que, por bem, não é conhecido popularmente”.