• Em visita à Venezuela, chanceler russo pede ‘união contra chantagem’ do Ocidente

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  • 19/04/2023 17:44
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu em visita a Caracas, a capital da Venezuela, “união de forças” contra a “chantagem” das sanções do Ocidente.

    “Venezuela, Cuba e Nicarágua são países que escolhem o seu próprio caminho”, disse Lavrov, segundo a tradução oficial, ao questionar as sanções internacionais impostas pelos Estados Unidos a essas nações aliadas.

    “É necessária a união de forças para combater as tentativas de chantagem e pressão unilateral ilegal do Ocidente”, acrescentou o diplomata russo durante coletiva de imprensa ao lado de seu par venezuelano, Yván Gil.

    A passagem de Lavrov por Caracas é a segunda escala de seu giro pela América Latina, que começou no Brasil e continuará por Cuba e Nicarágua. A última vez em que ele esteve no território venezuelano foi em fevereiro de 2020, dois anos antes da invasão russa da Ucrânia.

    A Venezuela é um dos principais aliados da Rússia na região. O presidente Nicolás Maduro manifestou apoio a Moscou durante o conflito na Ucrânia, mas também defendeu negociações de paz.

    “Discutimos os acontecimentos da Ucrânia”, disse Lavrov após o encontro com Gil.

    “Vamos resolver a situação na Ucrânia e de outros conflitos no mundo através dos princípios da Carta da ONU sobre a igualdade soberana dos Estados, sobre o princípio da indivisibilidade da segurança”, afirmou o ministro russo. “Nossa tarefa é garantir que a carta da ONU seja aplicada em sua totalidade, que o direito à autodeterminação não seja eliminado quando convém ao Ocidente”, acrescentou.

    No fim de fevereiro, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução não vinculante votada por 141 dos 193 Estados-membros, com sete votos contrários, que exigia a “retirada imediata” das tropas russas da Ucrânia para pôr fim à guerra, e reafirmava seu “compromisso” com “a integridade territorial” do país invadido.

    Revisão de acordos

    Rússia e Venezuela revisaram algumas de suas centenas de acordos bilaterais cobrindo os setores financeiro, energético e agrícola. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e seu homólogo venezuelano, Yván Gil, deram uma coletiva de imprensa conjunta em Caracas horas depois da chegada do chanceler russo. “Apoiamos totalmente a posição de nossos amigos venezuelanos”, disse Lavrov. “É o país deles… e vamos apoiá-lo de qualquer forma para que a economia venezuelana se torne uma economia independente das pressões dos Estados Unidos e de outros atores ocidentais.”

    Gil e Lavrov também se encontraram com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para discutir uma alternativa ao SWIFT, o sistema que permite transações financeiras globais, mas ao qual os principais bancos russos perderam o acesso no ano passado. Esses bancos foram cortados como parte das sanções econômicas impostas à Rússia no início da guerra na Ucrânia.

    Uma queda global nos preços do petróleo na última década e a má gestão do governo levaram a Venezuela à crise política, social e econômica que marcou toda a presidência de Maduro. A crise alimentou um movimento de oposição apoiado pelo governo dos EUA. Durante seu governo, Donald Trump fez de derrubar Maduro uma de suas principais prioridades de política externa e usou sanções econômicas contra a empresa estatal de energia da Venezuela para manter o petróleo do país longe de mercados ocidentais.

    O governo Biden suspendeu algumas restrições e também sinalizou que está preparado para aliviar as sanções em troca de medidas concretas de Maduro, como a promessa de não banir qualquer candidato que surja das primárias da oposição ainda este ano. “Não percebemos uma flexibilização das sanções”, disse Gil a repórteres.

    As ações de socorro já tomadas pelo governo dos EUA incluem permitir que a gigante do petróleo Chevron retome a produção limitada de petróleo na Venezuela em uma base experimental de seis meses e remover um sobrinho da primeira-dama Cilia Flores de uma lista de indivíduos sancionados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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