• Em ‘Saudade fez Morada Aqui Dentro’, não há emoção fácil

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  • 23/set 08:19
    Por Luiz Zanin Oricchio, especial para o Estadão / Estadão

    A história do garoto Bruno, que vive feliz da vida em sua pequena cidade do interior até receber o diagnóstico de doença degenerativa que o fará perder a visão pouco a pouco, até se tornar cego, poderia dar num filme piegas. Em Saudade Fez Morada Aqui Dentro, que entrou em cartaz no último final de semana, o risco da emoção fácil é evitado. O diretor Haroldo Borges (de Filho de Boi, de 2019) mantém o tom naturalista, quase neutro, ao acompanhar o drama de Bruno (Bruno Jefferson). Tal contenção trabalha a favor do filme – a emoção que se sente é mais intensa e genuína. Menos é mais.

    Novatos

    O elenco, composto em sua quase totalidade por novatos, funciona muito bem nesse sentido. O filme beneficiou-se do trabalho da coach Fátima Bezerra, que andou na berlinda durante algum tempo, mas felizmente se manteve na profissão, apesar de julgada e condenada no tribunal de primeira instância da internet.

    Os efeitos do seu trabalho, quaisquer que sejam seus métodos, se fazem sentir quando envolvem elenco jovem e inexperiente, desde o já longínquo Pixote, A Lei do Mais Fraco (1980), de Hector Babenco, passando pelo premiado Tropa de Elite (2007), de José Padilha.

    Enfim, Saudade Fez Morada Aqui Dentro é um filme de muitas qualidades, que não paga pedágio, senão de maneira lateral, a pautas contemporâneas. Simplesmente contempla um drama humano e a capacidade de recuperação por intermédio da amizade, do apoio por parte de pessoas que se interessam de fato pelo outro.

    O filme não oferece consolo fácil. Mas o fato de ser duro o torna ainda mais emocionante porque trata de emoções verdadeiras, e não de sentimentos e pautas de planilha, como tem sido uma constante no cinema brasileiro contemporâneo. Tomara encontre seu público, porque é uma beleza.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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