Especialistas apontam os efeitos da pandemia e do isolamento social para dependentes de álcool e drogas. Além do agravamento no quadro desses pacientes, outras pessoas acabaram aumentando o seu consumo. Os prejuízos já são visíveis na saúde física e principalmente mental desses pacientes. Dados do Centro de Atenção Psicossocial (Caps ADIII), mostram que houve um aumento de cerca de 43% no atendimento a dependentes químicos na cidade.
De janeiro a abril do ano passado – período anterior e inicial da pandemia, o Caps AD registrou 2.994 atendimentos. No mesmo período deste ano o número de atendimentos subiu para 4.278. De acordo com a psicóloga Leandra Iglesias, coordenadora municipal de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Saúde, os homens correspondem ao maior contingente de dependentes químicos que procuram o Caps. Durante a pandemia, houve um aumento de pacientes na faixa etária de 20 a 30 anos. Mas os adultos entre 40 e 45 anos ainda representam o maior número.
“O que denota uma dificuldade muito maior para o tratamento, porque o jovem procura pouco porque ele não acha que está com problema. E o adulto já esta comprometido demais com a dependência química, então quando eles vão nos procurar, estão cada vez mais doentes psiquiatricamente e clinicamente”, explica Leandra.
Dados de uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná, aponta que 3% da população brasileira é dependente químico. Com relação a pandemia ocorreu um aumento no consumo das substâncias:
- 54% no consumo de alucinógenos;
- 40% no consumo de ansiolíticos;
- 17% de álcool (com aumento de 960% das vendas de bebidas alcoólicas pela internet – delivery);
- 36% no consumo de maconha;
- 1% de cocaína (devido ao fechamento das fronteiras).
Prevenção é o melhor caminho
Neste sábado foi celebrado o Dia Mundial ao Combate de Álcool e Drogas. Durante toda a semana, houve ações pela XXXIII Semana Nacional de Políticas sobre Drogas. As ações têm o objetivo de chamar a atenção para o problema e discutir a construção de políticas públicas em álcool e drogas, que são: as comunidades terapêuticas, legalização, liberação e descriminalização e tratamento para adolescentes.
“Prevenir o uso precoce e abusivo de álcool e outras drogas constituí ação de inquestionável relevância nos mais diversos contextos – social, escolar, familiar, empresarial e comunitário”, explica Leandra.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 5,4% da carga de doenças são atribuíveis ao álcool e ao uso de drogas ilícitas. A Coordenadoria Municipal de Políticas Sobre Drogas desenvolve ações de prevenção e tratamento de dependentes químicos. São realizadas ações de prevenção nas escolas, nas empresas e no trânsito; prevenção à síndrome alcoólica fetal; prevenção ao suicídio; programas de capacitação e programas de políticas públicas.
“Diariamente surgem novos desafios na área de prevenção e os nossos esforços estão focados na promoção de comportamentos saudáveis em resposta aos padrões de mortalidade e morbidade. Prevenir é chegar antes!”, disse Leandra.