• Em dia de Copom, taxas de juros mostram queda expressiva com pacote e Lula no radar

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  • 11/dez 18:41
    Por Denise Abarca / Estadão

    Os juros futuros voltaram a fechar a sessão em queda consistente. As taxas já tinham recuo firme desde cedo e receberam impulso extra

    à tarde com a informação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será submetido a procedimento complementar à cirurgia de ontem, dada a leitura de que sua condição de saúde não deve lhe permitir concorrer à reeleição em 2026. As apostas de atuação firme do Copom na Selic e o maior otimismo sobre o andamento do pacote fiscal completam a lista de fatores a explicar o alívio nos prêmios. O quadro de apostas para a decisão de política monetária, porém, seguiu inalterado.

    A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,20%, de 14,38% ontem no ajuste, o DI para janeiro de 2027 cedeu de 14,69% para 14,35%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 13,90% (de 14,31%).

    O noticiário sobre o pós-operatório de Lula, que mobiliza atenções desde ontem, seguiu no radar ao longo do dia, funcionando como um pano de fundo para estimular a recomposição de posições vendidas. Mas um movimento mais agudo veio por volta das 16h30 com o boletim médico sobre o quadro de Lula, informando que ele realizará na manhã desta quinta-feira, 12, um novo procedimento como complementação da cirurgia realizada na cabeça. Segundo o médico Roberto Kalil, o procedimento é simples, estava previsto desde a cirurgia de ontem e não deve atrasar a liberação para alta. De todo modo, os juros aceleraram a queda para 30 pontos em toda a curva e o dólar cedeu abaixo de R$ 6,00.

    Uma possível ausência de Lula na corrida eleitoral é vista como positiva sob a ótica das contas públicas, dado o viés de expansionismo fiscal que, dizem os economistas, tem marcado o seu terceiro mandato. Com isso, cresce a perspectiva de substituição por um nome mais ortodoxo, que não sobrecarregue o papel da política monetária para ancorar as expectativas.

    A isso soma-se a percepção de que a questão das emendas está sendo pacificada de forma a destravar o andamento do pacote de corte de gastos no Legislativo, após a portaria acertada com a cúpula do Congresso para o pagamento de quase R$ 7 bilhões.

    O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, comenta que a melhora da perspectiva para o cenário fiscal pegou o mercado num momento tecnicamente frágil. “O mercado tinha sido forçado a reduzir posições aplicadas muito rapidamente, até com bancos tentando proteger suas posições em títulos públicos. Como o processo de desalavancagem foi violento, agora o pessoal se sente mais à vontade para aplicar”, afirma, lembrando que a curva chegou a precificar Selic terminal perto de 16%.

    Nesta tarde, a projeção de taxa terminal já estava mais perto de 15%, a 15,25%, ainda elevada. Para o Copom de hoje, a curva embutia 88% de chance de aumento de 1 ponto porcentual na Selic e apenas 12% de chance de aperto de 0,75 ponto. O crescimento de 1% no volume de serviços prestados em outubro, acima da mediana das estimativas, de alta de 0,5%, e perto do teto de 1,4%, reforça a expectativa de uma elevação mais forte.

    Para Borsoi, num cenário ideal o Copom deveria aplicar a dose de 1 ponto com sinalização da mesma magnitude para a reunião de janeiro. “Se não houver este guidance, o BC telegrafaria um cenário muito aberto, o que pode resultar em uma arapuca para Galípolo na sua primeira reunião”, diz, sobre o atual diretor de Política Monetária que assumirá o comando do Banco Central em janeiro. Para o economista, o aumento de 0,75 ponto seria ruim, independentemente da mensagem do Copom. “O BC tem de mostrar a cara para dissipar qualquer suspeição sobre Galípolo”, completa.

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