
Elovias promete iniciar obras na BR-040 no primeiro dia de concessão
A Elovias e o Governo Federal pretendem iniciar as obras da BR-040 já no próximo mês. Este foi o prometido durante a cerimônia de assinatura do contrato da nova concessão da rodovia, realizada na semana passada. A construção do túnel na nova pista de subida da Serra deve ser retomada logo nos primeiros dias de contrato, enquanto a ponte Arranha-Céu, em Itaipava — trecho da BR-495 incluído na concessão — deve ficar pronta ainda no primeiro ano. Já a ligação Bingen-Quitandinha não recebeu nenhum prazo novo, permanecendo o previsto em contrato, para 2031.
Em entrevista coletiva, o diretor da Elovias, Adir Afonso Borges, destacou sua ligação com a região e afirmou que vê o desafio de concluir as obras como uma oportunidade de “fechar sua carreira com chave de ouro”. O engenheiro civil, que participou do Comitê de Transição entre a nova concessionária e a Concer, classificou o projeto como uma “obra muito complexa de engenharia”.
“É como se você estivesse consertando o avião em pleno voo”, comparou. “Nós já estamos com as equipes pré-contratadas, que são as equipes de ambulância, guincho, socorro mecânico, médico. Eles começam com a gente na virada, porque agora tem um período, após a assinatura do contrato, de 30 dias, que é um período de convivência com a concessionária anterior. Isso está previsto no contrato. Então, a gente vai usar todo esse tempo para tomar todas as providências para, na zero hora da virada, a gente já entrar com guincho, com socorro mecânico e com obras. A gente pretende, à meia-noite, já estar fazendo obras”, afirmou.
A retomada das obras tem sido usada pelo Governo Federal como justificativa para o aumento do pedágio, que passará de R$ 14,50 para R$ 17, um reajuste de 17,24%. “Tem essa diferença porque você precisava tocar as obras. O que é mais barato: você pagar R$ 3 a mais ou pagar R$ 14,50 e não levar a obra?”, justificou o ministro dos Transportes, Renan Filho, ressaltando que usuários frequentes terão desconto.
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Outro ponto destacado pelo ministro na cerimônia foi a obra de construção do túnel da Nova Subida da Serra (NSS), paralisada desde 2016. Além da via principal, também está prevista a construção de um túnel separado para passagem de viaturas de emergência, ambos com 4,618 km de extensão.
Pelo contrato, até o segundo ano de concessão, a Elovias deverá avaliar as condições da estrutura. Em 2017, uma cratera se abriu na Comunidade do Contorno, no traçado da obra. A Concer nega relação entre o caso e as intervenções, e o assunto segue em debate na Justiça.
“Agora, teremos um Plano de Ação de 100 dias. Neste plano, já vamos iniciar obras no túnel, que vai ser revisto, vamos olhar a estrutura, se tem algum dano”, afirmou o ministro.
Outro ponto de atenção é a ponte Arranha-Céu, único trecho da BR-495 incluído na concessão. A estrutura está danificada e tem restrições para o tráfego de veículos. Segundo o Governo Federal, as obras serão realizadas ainda no primeiro ano de concessão, antecipando o prazo contratual, que previa a conclusão apenas no quarto ano.
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“O caso da 495 já é uma solução que nós já anunciamos que no primeiro ano vai ser feito. Paralelo a isso, nos próximos dias nós vamos anunciar o Plano de 100 dias, já concluído, que vai realmente trazer já mudanças que a sociedade vai perceber de primeira mão, que é uma nova era, uma nova concessão que realmente vai entregar e transformar essa importante rodovia”, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio.
A tão aguardada ligação Bingen-Quitandinha, reivindicada há 81 anos pelos petropolitanos e cobrada por políticos na cerimônia, segue sem novidades. O contrato prevê o início das obras apenas em 2031, condicionado a outras intervenções na Serra. Questionado sobre uma solução paliativa, o ministro respondeu de forma cautelosa.
“A melhora não significará solução estruturante”, disse, ressaltando que serão consideradas as análises técnicas e a segurança das pessoas.
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O diretor da Elovias explicou que, sem o contrato assinado, a empresa não tinha autorização legal para discutir a ligação. Agora, afirma que dependerá da aprovação da ANTT. “Quem libera tudo aqui é a ANTT, o dono da rodovia é a ANTT. Nós somos um prestador de serviço e vamos ser regulados pela agência”, concluiu.
A Elovias é formada pelo consórcio da brasileira Construcap — que integra o grupo Triunfo, o mesmo da Concer — em parceria com as espanholas Copasa e OHL. O contrato prevê R$ 8,8 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos de concessão, dando a empresa a administração do trecho entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora.
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