• Eleições 2020: Tribuna entrevista o pré-candidato a prefeito Marcos Novaes sobre mobilidade urbana

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  • 09/08/2020 08:00

    Marcos Novaes é pré-candidato a prefeito pelo PDT. É empresário da área de pesquisas. Nasceu em Itajaí, Santa Catarina, e chegou a Petrópolis aos seis anos de idade. Foi alfabetizado no antigo colégio EPA, onde fez também o estudo fundamental. Fez a primeira comunhão no Sagrado e cursou o antigo ensino médio nos colégios Werneck e Opção. Começou a fazer política ainda na época da ditadura. Em 1979, aos 13 anos, participou da fundação do Movimento de Direitos Humanos de Petrópolis, sob a liderança do então frei Leonardo Boff. Foi presidente da APE, presidente da Comdep e vereador por um mandato (2005 a 2008).

    As últimas obras estruturais, que interferiram diretamente na mobilidade urbana foram a duplicação da Barão do Rio Branco e da Rua Bingen, na década de 70. Desde então, Petrópolis não teve avanço na sua estrutura viária.  Como sua gestão vai tratar a mobilidade urbana?

    Em razão da nossa topografia e da história da ocupação, o desafio de Petrópolis não é abrir novas vias, mas organizar e ampliar a mobilidade nas vias já existentes. Para isso a prefeitura tem de recuperar o controle do sistema fluxo-tarifário, que foi entregue às empresas de ônibus e do qual a prefeitura abdicou. Um sistema informatizado permite pensar o sistema viário como um todo: pedestre-calçada, ciclista, motociclista, automóvel, ônibus, transporte de cargas e controle semafórico. Centrais, mesmo, são a acessibilidade para todas as pessoas e as modalidades coletivas, com soluções sustentáveis, abrangentes e duradouras.

    Petrópolis tem hoje um Plano de Mobilidade Urbana, o primeiro da cidade e que dá as diretrizes para o setor até 2029.  Qual será sua prioridade na execução do plano de mobilidade? A ausência de melhorias na BR-040, principalmente, a falta nova pista, pode interferir na execução do plano de mobilidade? Como será tratada a questão do estacionamento rotativo e ciclovias?

    Na implantação do plano vamos nos guiar como disse na resposta anterior. A BR-040 é sempre central. Infelizmente, não depende só de Petrópolis. Logo, teremos de intensificar a pressão para alcançarmos a ligação Bingen-Quitandinha. Uma alternativa seria fazermos uma ligação via Boca do Mato, o que exigiria entendimentos com o município de Caxias, além de questões ambientais e alto preço. Ciclovias serão resultado de demanda efetiva, segurança, viabilidade espacial e com prioridade à integração entre modais. O estacionamento rotativo tem de ser repensado para se tornar mais fracionado no tempo, mais inteligente, menos oneroso e adequado ao uso por local.

    As empresas ônibus da cidade reclamam de queda de passageiros, que seria um dos motivos para o preço atual da tarifa. Por outro lado os usuários reclamam de ônibus cheios, filas e poucos horários. Existe a concorrência do transporte por aplicativo e o fato dos moradores estarem  usando mais carros e motos, o que aumenta os gargalos no trânsito. Como equilibrar este cenário e melhorar o trânsito na cidade?

    Uma vez que a prefeitura recupere o controle do sistema fluxo-tarifário, será necessário fazer de Petrópolis uma cidade inteligente em mobilidade, intensificando e ampliando o uso de softwares e aplicativos próprios, de modo a alcançar três metas: primeira, colocar a multiplicação das opções a favor das pessoas, não contra elas; segunda, dar mais informação on line para que as pessoas façam suas opções de mobilidade com mais autonomia; terceira, melhorar o planejamento, o que permitirá aperfeiçoar a integração e levar as empresas de ônibus a serem mais eficientes, o que resultará numa tarifa menor e em melhorias no trânsito.

    A mobilidade urbana requer a conservação e modernização das vias da cidade. Nos distritos, há duas situações:  escoamento de produção rural em ruas  ainda de terra batida e engarrafamentos nas áreas urbanas por conta dos veranistas e turistas.  Em toda a cidade, de uma forma geral, há cobranças por pavimentação. Como investir em pavimentação e, principalmente, fazer a manutenção das vias com os recursos de orçamento da prefeitura?

    A mobilidade urbana nos distritos tem de receber atenção especial, de modo a que a situação não ganhe perfil irreversível. Na área rural, a intensificação da produção de qualidade requer vias melhores. Hoje, o dinheiro é pouco e a prefeitura ainda fica recapeando as mesmas vias, sem drenagem adequada! O ex-prefeito Fadel já dizia: “o segredo é fazer direito para não ter de fazer de novo”. Aspecto central da questão é lidar bem com a água: impermeabilizar o mínimo possível o solo urbano, e sempre com drenagem bem pensada, fazendo uso de modelos novos de pavimentação e com obras de urbanização também do entorno para o melhor manejo das águas.

    Ouça a entrevista completa em podcast:

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