• Educação e transformação

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  • 19/09/2017 12:00

    Não podemos negar que educação é um ato político, não somente por si, mas também pelas ações educacionais que não podem ser dissociadas de programas institucionais direcionados a coletividade. Mas, programas institucionais parecem-se por vezes com ações de propaganda política de governos em suas diversas instâncias que ofuscam as verdadeiras possibilidades educacionais, assim, a força da educação enquanto ato político constituído para uma realidade social não consegue almejar produtos significativos que conduzam a transformação e progresso do comunitário.

    Sendo assim, escolas públicas não conseguem apresentar modelos de transformação efetivos, que possam ser reconhecidas por sua autonomia como tal, negando à ação política nativa como produto significativo na comunidade em que se encontra inserido, tornando a ação natural inócua.

    Para que este objetivo seja alcançado devemos observar que o trabalho coletivo de seus membros deve se transformar em exercício de poder local, subtraindo-se o apêndice corporativista que empobrece o trabalho coletivo efetivo, constituindo-se assim em político quanto ao exercício de mudança, fato que dispensa gestores programados, pois estes muitas vezes comportam-se como se fossem a própria esfera do poder político soberano e representativo em muitas unidades.

    Mas para que este exercício efetivo se processe devemos ainda dispensar a “paisagem estatística” que possui uma base de coletas que somente serão assumidas como forma de propaganda pelo poder político de fato das instituições governamentais, não servindo como deveria de meio de ação para uma reinvenção da comunidade. Esta coleta de dados apresenta-se simplesmente como expediente burocrático, ocupando braços e cabeças que deveriam estar livres e voltados para o exercício de mudança efetiva.

    Este jogo de números satisfaz plenamente ao discurso político-institucional, mas não à efetivação da política educacional, encobrindo suas verdadeiras e significantes ações.

    Para que estes procedimentos se efetivem como transformadores se fazem necessário uma reinterpretação histórica do conjunto da escola e da região em que se encontra inserida e de seu poder de educação e transformação da comunidade, para que seu exercício seja emancipador e autônomo.

    Contrário ao que muitos possam pensar não se trata de uma contextualização libertária ou de matriz político-ideológica. Devemos observar que as condições para este exercício autônomo e libertário já se encontram presentes na contemporaneidade das escolas comunitárias, necessitando de acordos e ordenações entre os grupos presentes o que poderia ser observado como “empoderamento” dos profissionais que pode subverter a maioria dos organogramas e métodos convencionais.

    Restituiremos o empoderamento histórico natural existente no limiar da república velha em nossas escolas públicas, quando estas eram unidades geridas pelas próprias professoras que empoderadas compreendiam o universo privado da comunidade e se esforçavam pela emancipação de seus membros a partir da realização de seus filhos, livres da burocratização.

    Nossos munícipes brasileiros abririam mão do poder político de fato transportado para as unidades escolares acatando seu poder político natural, autônomo e transformador? Seriam capazes de romper com paradigmas burocráticos e estatizantes impostos desde o final do segundo quarto do século XX no cenário educacional?

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