
É o fim da “picada”
Através de conversas mantidas com amigos nascidos nas décadas de oitenta e noventa relacionadas com mudanças de hábitos e de comportamentos, um tanto exagerados, por isso mesmo difíceis de serem compreendidos pelos mais velhos.
Assim é que em decorrência dessas manifestações chega-se à conclusão que tais gerações tendem, na verdade, a desaparecerem, não só em razão da partida para outras paragens, mas, também, em decorrência de ideias e pontos de vista julgados absolutamente ultrapassados, sem condições de persistirem no entender dos mais jovens, não generalizando, até porque convivemos com muitas pessoas que ainda comungam com inúmeras ideias oriundas da “velha guarda”.
Tais conversações fizeram parte de um encontro festivo promovido na cidade de Niterói por uma “socialite” das mais conhecidas, aliás, pessoa extremamente dedicada à prática de atos de benemerência que costuma praticar.
A anfitriã, acolhendo mais de quarenta convidados, a “fina flor” da sociedade ali presente num belíssimo apartamento situado à beira da praia de Icaraí.
Drª Lili Fortunato, como de costume, na condição de amiga da anfitriã, a distribuir abraços e beijos aos convivas.
Três garçons, por outro lado, a servirem selecionadas bebidas, sucos e tudo o mais do gênero, além de salgados e doces do mais fino preparo.
Um deles, entretanto, na surdina, foi flagrado quando degustava, sem imaginar que estava sendo observado, whisky e champanhe, à vontade.
Em consequência, lá pelas tantas, foi convidado pela dona da casa a se retirar, uma vez que já tropeçava nas próprias pernas!
O prédio dotado de todo conforto, área de lazer, campo de futebol para os jovens condôminos, além de uma bela piscina, sauna, churrasqueira, sem falar na academia de ginástica equipada com a mais completa aparelhagem.
Dentre os presentes, a se destacar o Comendador D’Agostino, acompanhado da esposa e filha, esta última sempre desassossegada e a ingerir bebidas de maneira exagerada sob olhares contestadores dos pais.
A festa não teve bom término uma vez que a filha do destacado Comendador decidiu, na companhia de um grupo de convivas, a se jogarem na piscina, isso lá pelas onze da noite, contrariando o síndico do prédio e os próprios pais.
Entretanto, o biquíni que usava, super minúsculo, deixava transparecer aos presentes que fora confeccionado para ser usado por uma jovem de quinze anos e a “nadadora”, sem dúvida, já teria ultrapassado os cinquenta.
Muitas das senhoras, atônitas, e o Comendador e esposa sem que pudessem prestar qualquer justificativa, simplesmente envergonhados e na expectativa de que só faltava que a tira do biquíni se arrebentasse, e por pouco isso não veio a ocorrer.
O grupo dos sessentões e setentões que ainda se encontrava reunido, acabou por concluir que as gerações passadas se encontram mesmo em extinção, isso porque logo após o mergulho, um grupo de moços, por mera “brincadeira”, decidiu empurrar à piscina, com roupa e tudo, o pobre do Comendador que sequer não sabia nadar!
Mais uma vez pude relembrar o poeta quando escreveu:
“O biquíni é uma sujeira,
até mesmo um desacato:
seca folha de parreira,
num cadarço de sapato”.