E 2018?
Aécio Neves não percebeu ainda que o sonho acabou: insiste entre seus pares em voltar a presidência do PSDB, insiste que ainda é o candidato do partido à presidência em 2018; mesmo que os mais abalizados institutos de pesquisas já tenham retirado seu nome das consultas, insiste em discursar sobre sua inocência.
Poucos conhecem o PSDB a fundo; um partido com mais caciques do que índios e onde os caciques não se entendem bem entre si e onde a pretensão ao cargo máximo tem hoje quatro postulantes: o próprio Aécio (que em minha opinião está morto nesta pretensão), Alckmim, Serra e por fim Fernando Henrique, que ainda sonha voltar. Ainda correm por fora Tasso Jereissati e Dória. Lembremo-nos do recente caso Dória, onde FHC e Serra foram à imprensa desqualificar o prefeito. Um partido que tem um forte fogo amigo interno, com decisões e posicionamento sempre de maneira tardia e na maioria das vezes pela intempestividade das posições se equivoca, dificilmente chegará lá em 2018. Acredito que somente com Tasso Jereissati (quase futuro presidente do partido, o que aumentaria seu cacife internamente) ou Dória teria alguma chance. Mas hoje, o mais provável é Dória vir candidato ao governo de São Paulo.
Aos que tentam vislumbrar um quadro para 2018, se deparam com as incertezas das investigações, inquéritos e processos a que estão submetidos os mais importantes nomes políticos que almejam o poder ano que vem. Lula estará ou não elegível? Hoje, já condenado pela primeira vez, se estiver com o índice de rejeição (hoje entre 46% e 50% dependendo do Instituto) que chegará às vésperas do pleito, terá chances de voltar? Não podemos esquecer que tem uma militância bastante diminuída em seu tamanho e poder de mobilização e que o nome de Lula, antes grande agregador da massa petista, não tem mais a mesma força. E a bem da verdade o PT não tem outro nome.
Já o PMDB especialista em ordenar ou desordenar a governabilidade, terá um nome de consenso que nunca historicamente conseguiu obter? O PMDB por ter a maior bancada é possuidor de interesses extremamente difusos e sempre foi arredio à união interna. Não tem neste momento um nome que una o partido. As máculas nas reputações de seus principais caciques pesam; Cunha e Temer, alvejados em pleno voo, eram os nomes que até bem pouco tempo atrás seriam as opções do partido e não vislumbro hoje o surgimento de um nome nacional nas ostes do partido.
Bolsonaro é uma aposta de alguns, mas não é um nome nacional e, se vier, virá por um partido pequeno (ainda não se sabe qual – especula-se) ; sem estrutura, deverá fazer uma boa votação, mas provavelmente, se nada mudar, insuficiente para chegar ao topo. O mesmo com Marina Silva, (que já foi PT e hoje tem seu próprio partido, o Rede Sustentabilidade) virá por seu partido, que também é pequeno, sem estruturas fortes nos estados e municípios; tiraria votos de Lula, mas não conseguiria a façanha de obter votos necessários para o cargo.
Resta uma surpresa que poderá ocorrer: Rodrigo Maia, do DEM, hoje presidente da Câmara, com bom trânsito no congresso, está se tornando um nome nacional. Mas não podemos esquecer que também é um nome mencionado nas delações e cujo futuro é incerto: pesam contra ele pelo menos três pedidos de inquéritos; mas é possuidor de bom jogo de cintura e se as acusações contra ele forem frágeis poderá ganhar mais força. Para muitos, seria uma opção se conseguisse "combinar com os russos" (neste caso, o PMDB) o que não é de todo improvável.
Concordo que é prematuro tentar prever qualquer coisa para o ano que vem. Mas estou colocando o quadro de momento: as peças no tabuleiro são estas hoje.