Dono de loja de ração usa tempo vago para criar arte em miniatura
Entre sacos de ração e produtos para animais, pequenas peças de madeira chamam a atenção no estabelecimento comercial de Eliezer Mendes Santos, na Rua Carlos Gomes, no Bingen. E bastam poucos minutos de conversa para descobrir que a produção de miniaturas é, na verdade, um hobby do proprietário. O trabalho encanta o público e acabou virando, também fonte de renda para o comerciante. Por lá é possível ver locomotivas, jeeps, casas de bonecas e até pequenos animais. Uma forma de, segundo o artista, passar o tempo fazendo o que mais gosta.
A habilidade com as mãos ganha força nas horas vagas. Mendes diz que o primeiro trabalho foi uma réplica de um motor de avião, material com o qual trabalhava numa multinacional. De lá para cá foram surgindo outras obras, baseadas no que o aposentado, nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, viu ao longo da vida. “As referências da vida militar, os animais que via quando morava em fazenda, alguns personagens dos filmes de bang-bang e faroeste e até os tanques de guerra estão entre os meus trabalhos”, explica.
A história de Petrópolis também é relembrada por lá, com o primeiro modelo de ônibus que circulou na cidade, em 1918, para fazer a linha Centro X Independência.
O artista lamenta que este tipo de iniciativa não seja tão valorizada atualmente. Segundo ele, a maioria das obras são admiradas por um público que não é da cidade e a procura deles acabou aumentando a demanda por novos trabalhos.
Entre a vida de casado, três filhos e dezenas de netos, o aposentado, de 66 anos, reveza o tempo com partidas de tênis, a administração do próprio negócio e o trabalho feito com a madeira. Eliezer diz que faz questão de manter a característica original do material usado, utilizando apenas corante em alguns casos.
Os itens que estão na loja não são vendidos, mas podem ser encomendados. Dependendo do trabalho, o artesão pode levar em média até vinte dias para concluir o serviço. As peças custam entre R$ 800 e R$ 1,5 mil.