Dona das bicicletas do Itaú levanta R$ 430 milhões
A startup de mobilidade Tembici, especializada na locação de bicicletas em grandes centros, anunciou nesta quinta, 30, a captação de US$ 80 milhões (cerca de R$ 430 milhões) para acelerar a sua expansão no mercado brasileiro e latino-americano. O aporte foi liderado pelo fundo Crescera Capital, mas também teve a participação dos bancos Itaú e Santander. Entre os principais planos está o aumento do número de bicicletas elétricas ofertadas aos clientes.
“A captação é para continuarmos crescendo. Vamos ampliar os investimentos em tecnologia e dados para consolidar as bicicletas elétricas e o novo modelo de negócio focado em cicloentregas”, diz Tomás Martins, presidente e cofundador da Tembici.
A aproximação com o Crescera começou em 2020, mas esfriou com a pandemia, quando a operação da Tembici ficou praticamente paralisada. Porém, segundo Fernando Silva, sócio do Crescera, a visão é de que a empresa vai crescer rapidamente. O fundo já projeta uma abertura de capital do negócio nos EUA em até três anos.
Conhecida pelas bicicletas laranjas com o logo do Itaú (um dos principais patrocinadores da startup), a Tembici opera 16 mil bicicletas. Com dinheiro em caixa, a meta é aumentar em 10 mil o número de bicicletas, sendo 50% delas elétricas.
“O futuro é elétrico. Acreditamos que os modais leves movidos a eletricidade trazem uma maior eficiência para o deslocamento e, nos nossos pilotos, com bicicletas elétricas percebemos uma utilização 30% maior em comparação às convencionais”, afirma Maurício Villar, cofundador do Tembici e diretor de operações.
Hoje, a Tembici tem 1 mil bicicletas elétricas. No Rio de Janeiro, são 500 unidades que ficam paradas nas estações de locação. Em São Paulo, a empresa fez uma parceria com o iFood, que também funciona como patrocinador, para fornecer bicicletas aos entregadores.
Com o novo aporte, a Tembici quer depender menos de patrocínios. A startup surgiu com um modelo de negócio em que o Itaú pagava para estampar a sua marca nas bicicletas espalhadas pelo Rio de Janeiro. A empresa fechou contratos semelhantes em outros mercados.
Nos últimos anos, porém, a participação desse tipo de contrato na receita caiu de 80% para 50%. Alugar bicicletas em São Paulo custa de R$ 2,99 (viagens de até 15 minutos) até R$ 358,80 (no plano anual).
Rivais
A companhia, por ora, segue sem rivais diretos no mercado. Isso porque a Grow saiu das ruas após pedir recuperação judicial no início do ano passado – e não voltou mais.
Ao contrário da Tembici, as bicicletas e patinetes elétricos da Grow ficavam espalhados pela cidade sem um ponto físico de estacionamento. Resultado: os clientes eram menos cuidadosos, e o custo da startup com manutenção disparou. A Grow chegou a receber aportes no valor de US$ 150 milhões.
Mas há novos negócios chegando. A FlipOn, sediada em São Carlos (SP), comprou 12 mil patinetes e 9 mil bicicletas elétricas da Grow e deseja colocá-los nas ruas de São Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.