• Domingo do Bom Pastor

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  • 25/04/2021 08:00
    Por Monsenhor José Maria Pereira

    O Quarto Domingo da Páscoa é o domingo do Bom Pastor. Depois de várias aparições de Cristo ressuscitado às mulheres, aos Apóstolos, aos discípulos, hoje Jesus se apresenta como o Bom Pastor! É um título de Cristo muito familiar aos primeiros cristãos.

    No Evangelho (Jo 10, 11-18) ouvimos a palavra do próprio Cristo que nos fala em primeira pessoa: Eu sou o Bom Pastor! É uma catequese sobre a missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas, de onde brota a vida em plenitude.

    O Bom Pastor aparece numa atitude de ternura com as ovelhas… Ele as conhece, as chama pelo nome, caminha com elas e estas O seguem. Elas escutam a Sua voz, porque sabem que as conduz com segurança.

    Em contraste com o Pastor, aparece a figura dos ladrões e dos bandidos. São todos os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas procuram somente vantagens pessoais. Além do título de Bom Pastor, Cristo aplica-Se a Si mesmo a imagem da porta pela qual se entra no aprisco das ovelhas que é a Igreja. Ensina o Concílio Vaticano II:” A Igreja é o redil, cuja única porta e necessário Pastor é Cristo (LG,6). No redil entram os pastores e as ovelhas. Tanto os pastores como as ovelhas hão de entrar pela porta que é Cristo. “ Eu, pregava Santo Agostinho, querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado. Cristo é para mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos vossos corações. Por Cristo entro alegremente e escutais-me ao falar d‘Ele. Por quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o Seu Sangue”.

    “… e as ovelhas O seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10,4). Ora, a Igreja é Cristo continuado! Diz São JosemariaEscrivá: “Cristo deu à Sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos Sacramentos; e providenciou para que haja pessoas que nos orientem, que nos conduzam, que nos recordem constantemente o caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus guardada pela Igreja; a Graça de Cristo, que se administra nos Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus” (Cristo que passa, nº 34). Jesus é a porta das ovelhas! Para as ovelhas significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que dão vida.

    Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o rebanho de Deus… Portanto, Cristo deve conduzir as nossas escolhas.

    Quem nos conduz? Qual é a voz que escutamos? A voz da política, a voz da opinião pública, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos privilégios, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A voz da televisão?

    Cristo é o nosso Pastor! Ele conhece as ovelhas e as chama pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação muito pessoal. Diz – nos o Senhor: “Conheço as minhas ovelhas e elasme conhecem ” (Jo 10, 14). Verdadeiramente, Jesus “conhece – nos”, de maneira ainda mais profunda de quanto nos conhecemos a nós mesmos, e Ele tem um plano para cada um de nós. Sabemos também que onde quer que Ele nos chame, encontraremos felicidade e satisfação; com efeito, encontrar-nos-emos a nós próprios ( Mt 10, 39)

    A existência humana é bem complexa para que se possa vivê-la com segurança absoluta. Jesus, porém, oferece a quem O segue a direção exata e a proteção eficaz para evitar os elementos que podem prejudicar. Afirma o Sl 22(23): “ Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei; estais comigo…”. Hoje, de modo especial, os jovens são convidados a considerar como o Senhor os está chamando a segui-Lo e a edificar a sua Igreja. Tanto no ministério sacerdotal ou na vida consagrada, como no Sacramento do Matrimônio, Jesus tem necessidade de vós para fazer ouvir a sua voz e para trabalhar pelo crescimento do seu Reino.

    O Divino Pastor é quem pode, realmente, ajudar, salvar e conservar a vida. Ele afirmou: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

    Para distinguir a Voz do Pastor é preciso três coisas: – Uma vida de oração intensa; um confronto permanente com a Palavra de Deus e uma participação ativa nos Sacramentos, onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece.

    “Eu sou o Bom Pastor. Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e Eu conheço o Pai” (Jo 10,14). Alegremo-nos, porque o Senhor nos fez membros do seu rebanho e conhece cada um de nós pelo nome!

    Hoje, a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Considerando que o Papa Francisco proclamou o Ano de São José (08 de dezembro de 2020 a 08 de dezembro de 2021), o mesmo Papa enviou uma mensagem para toda Igreja refletir, cujo tema é: “São José: o sonho da vocação”. Diz o Papa Francisco, na mensagem, onde apresenta São José como modelo para os vocacionados: “Trata-se, realmente, duma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus.

    São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho.

    A vida de São José sugere-nos três palavras-chaves para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efémeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer.

    Uma segunda palavra marca o itinerário de São José e da vocação: serviço. Dos Evangelhos, resulta como ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Por isso gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações. Com efeito, da própria disponibilidade em servir, deriva o seu cuidado em guardar.

    Uma terceira palavra, um terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia: a fidelidade. José é o “homem justo” (Mt 1, 19) que, no trabalho silencioso de cada dia, persevera na adesão a Deus e aos seus desígnios. A Vocação, como a vida, só amadurece através da fidelidade de cada dia.

    Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus. As primeiras palavras recebidas em sonho por São José foram o convite a não ter medo, porque Deus é fiel às suas promessas: “José, filho de Davi, não temas” (Mt 1, 20). Não temas: são estas as palavras que o Senhor dirige também a ti, querido (a) irmão (ã), quando, por entre incertezas e hesitações, sentes como inadiável o desejo de Lhe doar a vida. Esta fidelidade é o segredo da alegria. É a alegria que vos desejo a vós, irmãos e irmãs que generosamente fizestes de Deus o sonho da vida, para O servir nos irmãos e irmãs que vos estão confiados, através duma fidelidade que em si mesma já é testemunho, numa época marcada por escolhas passageiras e emoções que desaparecem sem gerar a alegria. São José, guardião das vocações, vos acompanhe com coração de pai!” (Papa Francisco, Roma, 19 de março de 2021).

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