Dólar volta a cair após subir 12 sessões, mas tem alta de 3,5% na semana
O dólar interrompeu nesta sexta-feira, 6, uma sequência de 12 altas consecutivas e fechou em baixa de 0,38% hoje no mercado à vista, a R$ 4,6338. No acumulado da semana, porém, a divisa dos Estados Unidos subiu 3,5%, registrando a pior semana desde o início de novembro do ano passado, em meio a renovadas preocupações com os efeitos do coronavírus na atividade, que hoje provocou forte movimento de aversão a risco no mercado financeiro mundial e fez o dólar subir forte nos mercados emergentes.
No início da noite, o Banco Central anunciou leilão de dólar à vista para segunda-feira, de até US$ 1 bilhão, o primeiro do tipo na atual disparada da moeda americana. O BC começou o dia injetando mais US$ 2 bilhões no mercado cambial hoje, por meio de leilão extraordinário de swap (venda de dólares no mercado futuro), o que impediu uma disparada maior da moeda, segundo operadores. Desde a volta do feriado de carnaval, o total das intervenções do BC já somou US$ 7,5 bilhões – US$ 5 bilhões somente nesta semana.
“O BC está cumprindo sua função, mas talvez esteja sendo insuficiente pelo tamanho da incerteza no mercado”, avalia a economista do banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli. Ela observa que o câmbio aqui vem sendo pressionado pelo cenário externo muito adverso e os juros locais muito baixos, com tendência de cair mais. “O juros real está praticamente zero, com chance de ficar negativo”, ressalta ela, destacando que a atratividade do mercado local para estrangeiros fica muito reduzida. Por isso, mesmo com outros bancos centrais cortando juros ao redor do mundo, o mercado brasileiro está menos interessante.
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Os estrategistas do Citi observam que o BC tem preferido intervenções discricionárias ao anúncio de um pacote mais amplo. “A intervenção parece reduzir o ritmo de depreciação do real, com a moeda tendo desde quarta-feira melhor desempenho que o peso mexicano e no mesmo nível do peso colombiano”, ressaltam. Contudo, o Citi alerta que tal desempenho do real não vai durar, a menos que as intervenções continuem no mesmo ritmo diário. Além disso, é preciso que o BC seja mais “hawkish”, ou seja, menos favorável a mais corte de juros, no comunicado da reunião de política monetária, ressalta o banco.
Operadores ressaltam ainda que incertezas políticas contribuem para pressionar ainda mais o câmbio, com a sensação de paralisia no avanço das reformas. “A reforma tributária não chegou, a administrativa não chegou”, disse o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O analista de mercados em Nova York do banco Western Union, especializado em transferências internacionais, Joe Manimbo, ressalta que o comportamento do dólar no mercado internacional, subindo nos emergentes e caindo ante divisas fortes, como o franco suíço e o iene, reflete o rápido crescimento da incerteza sobre o impacto econômico do coronavírus.