• Dólar tem leve queda com chance de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia

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  • 12/fev 18:48
    Por Antonio Perez / Estadão

    Após uma manhã e início de tarde marcados por instabilidade, o dólar à vista se firmou em terreno negativo nas duas últimas horas de sessão e fechou em leve queda, acompanhando a perda de fôlego da moeda americana no exterior. Houve uma apreciação de divisas europeias e emergentes diante de possível início de tratativas para pôr fim à guerra na Ucrânia. Pela manhã, o dólar havia subido com a leitura acima das expectativas da inflação ao consumidor nos EUA em janeiro.

    À tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que negociações de paz na Ucrânia devem começar imediatamente, após relato de uma conversa telefônica “longa de produtiva” com o líder russo, Vladimir Putin. Segundo o Kremlin, os dois presidentes concordaram em manter contato direto e organizar encontros pessoais para tratar do tema.

    Em seguida, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, na rede social X (ex-Twitter), que teve uma conversa “significativa” com Trump sobre as oportunidades para alcançar a paz na região. Ministros das relações exteriores de França, Alemanha e Espanha reagiram com a afirmação de que não é possível chegar a um acordo de paz sem envolvimento dos europeus.

    A revelação de conversas entre os líderes levou a um tombo de mais de 2% das cotações do petróleo e tirou força do dólar no exterior. Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY trocou de sinal e rompeu o piso dos 108,000 pontos, com mínima aos 107,627 pontos.

    Por aqui, a moeda se firmou em baixa e chegou a furar pontualmente o nível de R$ 5,75, com mínima a R$ 5,7437. No fim do pregão, o dólar era negociado a R$ 5,7631, em queda de 0,08%. Foi o terceiro pregão consecutivo de baixa da divisa, que recua 0,53% na semana e 1,26% em fevereiro.

    O real, que vinha liderando os ganhos entre moedas emergentes, hoje teve em certos momentos desempenho inferior ao do peso mexicano. Destaque para o avanço de mais de 1% do peso chileno, impulsionado pela alta de mais de 2% dos preços do cobre e do tom mais duro da ata do Banco Central do Chile, que mostrou preocupações com a inflação ao manter a taxa básica em 5% em janeiro.

    “O real vem de uma sequência de valorização prolongada e hoje parece ter um ajuste em relação a outras moedas. O clima passou a ser de muita volatilidade, com as incertezas geradas pela política de taxação do governo americano”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, acrescentando que a moeda brasileira é amparada pela taxa de juros elevada, e em ascensão, conforme já sinalizou o Banco Central. “Mas, no meu ponto de vista, a cotação já está em próxima do piso, uma vez que a questão fiscal continua sem solução”.

    Pela manhã, o dólar até ensaiou um movimento pontual de alta, com máxima a R$ 5,7873, em sintonia com o exterior, após a divulgação de dados de inflação nos EUA. O índice de preços ao consumidor e seu núcleo apresentaram variação acima das expectativas em janeiro, o que provocou alta das taxas dos Treasuries e fortalecimento global da moeda americana.

    “Com o CPI muito alto, as taxas de juros nos EUA subiram e o dólar se valorizou contra todas as moedas pela manhã, inclusive ante o real”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “O CPI pode sugerir que a recente desaceleração da inflação perdeu fôlego. É provável que o Fed não corte mais os juros neste ano”.

    Em audiência na Câmara dos Representantes do EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que não há pressa em ajustar a política monetária. “É possível que tenhamos que agir com juro de acordo (com tarifas), mas é preciso esperar. Adotaremos decisões sobre juros com base em dados, sem foco em uma política particular”, disse Powell.

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