• Dólar recua em linha com juros dos Treasuries; mercado olha IBC-Br, Lula e Campos Neto

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  • 16/ago 10:06
    Por Silvana Rocha / Estadão

    O dólar opera em baixa nesta sexta-feira, 16, na esteira da queda dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior. As perdas se acentuaram em Nova York, após a divulgação do indicador de construções de moradias iniciadas no país, que mostrou queda forte e acima do previsto, abrindo espaço para cortes de juros nos EUA neste ano, a partir de setembro.

    O iene volta a se fortalecer ante o dólar, indicando um movimento de recomposição de negociações de arbitragem que pressiona algumas divisas emergentes, como peso mexicano e peso chileno. A aceleração do IGP-10 em agosto e o forte IBC-Br em junho sugerem cautela com inflação e perspectivas para a taxa Selic, assegurando a atratividade do juro interno e do real em meio à previsão de corte de juros nos EUA em breve.

    Investidores repercutem ainda a entrevista do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, associando a troca do comando no Banco Central à queda da Selic e sugerindo que Gabriel Galípolo pode não ser escolhido como o próximo presidente da instituição. As declarações antecedem uma palestra do presidente do BC, Roberto Campos Neto, prevista para as 10h.

    Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula comentou nesta manhã sobre o comando do Banco Central e disse que a expectativa do governo é de que a instituição comece a diminuir a taxa básica de juros. Ele também indicou que ainda não bateu o martelo sobre quem será o sucessor de Campos Neto, e afirmou que o próximo presidente do Banco Central não deverá favores ao presidente da República, mas precisará ter coragem para reduzir os juros quando isso for necessário.

    O Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que o governo do presidente Lula vê uma “brecha” no Congresso Nacional para indicar o novo presidente do Banco Central em duas semanas, ainda em agosto.

    O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 1,37% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal – bem mais próximo do teto (1,40%) do que da mediana (0,50%) da pesquisa Projeções Broadcast -, sinalizando que a atividade brasileira continua expandindo-se em ritmo robusto. O número-índice do indicador saltou a 152,09 pontos em junho, rompendo pelo terceiro mês consecutivo o recorde da série histórica. Agora, o IBC-Br situa-se 51% acima de janeiro de 2003, quando os números começaram a ser publicados pela autoridade monetária.

    O BC revisou para cima os resultados com ajuste sazonal dos meses de maio (0,25% para 0,41%), abril (0,26% para 0,32%), março (-0,25% para -0,15%), fevereiro (0,46% para 0,51%) e janeiro (0,66% para 0,67%), reforçando a percepção de resiliência da economia. Na série sem ajuste sazonal, o índice cresceu 3,18% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, também acima do consenso do mercado, de 2,50%. As projeções iam de 0,20% até 4,10%. Nessa base, o índice subiu aos 150,38 pontos, o maior nível para um mês de junho na série histórica.

    O IGP-10 de agosto subiu 0,72%, ante alta de 0,45% em julho, informou a FGV. O resultado anunciado superou a mediana do mercado (+0,70%) e ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta entre 0,35% e 0,95%.

    Em relação à política, o desconforto pode piorar também após o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, negar pedido dos parlamentares para derrubar a decisão do ministro Flávio Dino, que suspendeu as emendas impositivas apresentadas por congressistas. O STF realiza sessão virtual extraordinária hoje para o plenário julgar o referendo das decisões do ministro Flávio Dino. O julgamento tem encerramento previsto para as 23h59 desta sexta-feira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu que o presidente Lula entre em campo para resolver o impasse, apurou a Coluna do Broadcast.

    Lira também refuta o pedido da retirada do regime de urgência para a análise da regulamentação da reforma tributária no Senado, apresentado pelo relator do projeto na Casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lira já avisou aos emissários do governo que não aceita que os senadores não tenham o mesmo tratamento.

    No exterior, o petróleo, por sua vez, cede em torno de 2,00%, enquanto o minério de ferro fechou em baixa de 0,99% em Dalian, na China. Os investidores ainda aguardam indicadores americanos, entre eles o de sentimento do consumidor e expectativas de inflação (11h). O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, participa de evento (14h25).

    Mais cedo, Goolsbee disse ver “sinais de alerta” por uma recessão nos Estados Unidos. Há expectativa ainda pelo tradicional Simpósio de Jackson Hole na semana que vem. O presidente do Fed, Jerome Powell, discursará no Simpósio na próxima sexta-feira, às 11h

    Às 9h52, o dólar à vista caía 0,67%, a R$ 5,4470. O dólar para setembro recuava 0,61%, a R$ 5,4565. O juro da T-Note 10 anos caía a 3,878%, de 3,914% no fim da tarde de ontem.

    O índice DXY do dólar ante seis divisas principais cedia 0,24%, a 102,73 pontos.

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