Dólar fica estável ante o real com ausência de mudanças em cenário traçado pelo mercado
Depois de oscilar entre leves perdas e ganhos desde a abertura, o dólar adentra o início da tarde desta sexta-feira, 3, perto da estabilidade na comparação com o real. No pano de fundo, seguem as preocupações dos investidores com a dificuldade de redução da dívida pública brasileira e com os riscos externos – como a possibilidade de desaceleração do crescimento da China -, mas o volume reduzido de negócios e o avanço significativo da moeda no final de 2024 mantém o dólar oscilando no mesmo intervalo das últimas duas semanas.
“O que a gente vê agora é acomodação por conta de falta de negócios”, afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Segundo ele, a grande demanda por dólares para pagamentos de dividendos e acertos entre filiais e matrizes de multinacionais ocorreu no último trimestre do ano passado, e isso tira um pouco da pressão para o avanço da moeda americana no momento.
Por volta das 12h50, o dólar à vista avançava 0,01%, para R$ 6,1632, enquanto o dólar futuro tinha alta de 0,09%, a R$ 6,1945 com giro de US$ 5,95 bilhões. O volume é ligeiramente superior ao de ontem, mas baixo em relação a números recentes. Na sessão de quinta-feira, o giro foi de aproximadamente US$ 12,4 bilhões, abaixo da média de dezembro, de US$ 17 bilhões.
A economista-chefe da gestora Lifetime, Marcela Kawauti, destaca que o pano de fundo macroeconômico para o dólar segue sem alterações desde o final do ano passado, com dúvidas dos investidores tanto em relação a questões domésticas – trajetória da dívida pública, principalmente – quanto em relação ao exterior, que também vem exercendo pressão para a valorização da moeda americana.
“O dólar está carregando incerteza do final do ano passado, principalmente em relação à política fiscal, com aprovação do pacote de contenção de gastos, mas com economia muito menor”, afirmou Kawauti. “Lá fora ambiente externo está bastante desfavorável, acaba puxando o dólar para cima também. Tem a expectativa da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode ajudar a moeda americana”, avaliou.
As medidas prometidas por Trump, diz Kawauti, tem potencial inflacionário e podem diminuir o espaço para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) diminuir os juros. “Um novo embate sobre o limite de endividamento do país traria incertezas ao cenário e motivaria a busca dos investidores por segurança, outro elemento que pode fortalecer o dólar.