• Dólar fecha em leve queda de 0,10%, a R$ 5,6498, com petróleo e debate nos EUA

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 11/set 17:59
    Por Antonio Perez e Caroline Aragaki / Estadão

    O ambiente internacional ditou o comportamento do mercado de câmbio doméstico nesta quarta-feira, 11, dia marcado pela divulgação da última leitura de inflação ao consumidor norte-americano antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Após a alta de 1,32% na terça-feira, quando superou R$ 5,65 e fechou no maior valor desde 6 de agosto, o dólar à vista apresentou leve recuo nesta quarta. O real se beneficiou da alta de mais de 2% dos preços do petróleo e do apetite por divisas emergentes, diante da redução dos temores de recessão nos EUA.

    Moedas latino-americanas pares do real teriam ganhado impulso extra com a reversão parcial de posições compradas em dólar, na esteira da avaliação de que a candidata democrata à presidência dos EUA, Kamala Harris, venceu debate da terça-feira à noite contra Donald Trump. Uma suposta vitória do ex-presidente é vista como desfavorável a divisas da região, por aumento do protecionismo.

    Com mínima a R$ 5,6074 e máxima a R$ 5,6748, o dólar à vista fechou a R$ 5,6498, em baixa de 0,10%. Com ganhos de 1,07% na semana, a moeda passou a apresentar leve valorização no mês (0,26%). Segundo analistas, a taxa de câmbio se mantém ao redor de R$ 5,65 em razão, sobretudo, de prêmios de risco associados ao quadro fiscal doméstico.

    Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – o DXY ensaiou um queda pela manhã, sob impacto do debate presidencial nos EUA. O Dollar Index ganhou força ainda pela manhã, após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI), e operava no fim do dia em leve alta, na casa dos 101,700 pontos.

    O CPI subiu 0,2% em agosto ante julho e mostrou avanço de 2,5% na comparação anual, em linha comas expectativas. Já o núcleo do índice – que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia – avançou 0,3% no mês passado, acima do esperado. Após a leitura do CPI, as chances de uma redução de 25 pontos-base pelo Federal Reserve na próxima quarta-feira, 18, soltaram da casa de 70% para mais de 80%, segundo monitoramento do CME Group.

    O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que o “CPI um pouco mais forte” traz um impacto positivo para moedas emergentes ao reduzir as chances de uma recessão nos EUA. “Além disso, a alta no preço do petróleo está nos favorecendo”, afirma o tesoureiro. “Amanhã, temos o índice de preços ao produtor nos EUA e os pedidos de auxílio-desemprego. O mais importante para nós é que apontem um afastamento do risco de recessão”.

    Apesar do ceticismo com o cumprimento das metas fiscais e da perspectiva de fluxo menor de dólares nos próximos meses, parte dos analistas vê espaço para uma apreciação moderada do real com o aumento do diferencial de juros interno e externo. A perspectiva é que, mesmo com início de alívio monetário nos EUA, o Banco Central inicie um processo gradual de elevação da taxa Selic neste mês.

    Para o Barclays, o real deve ter um desempenho superior a de outras moedas emergentes nos próximos meses. A avaliação é a de que o “pico de pessimismo” com o Brasil ficou para trás, em razão de o Banco Central e o governo terem adotado uma postura mais coordenada. O banco britânico abriu posição vendida em dólar em relação ao real, com preço-alvo de R$ 5,40 no fim de 2024 e “stop loss” em R$ 5,82.

    “O quadro fiscal permanece vulnerável, mas, por ora, acreditamos que as autoridades fizeram o suficiente para acalmar o mercado nesta frente, pois os riscos para 2024 diminuíram”, escrevem Roberto Secemski, Sebastian Vargas e Andrea Kiguel, acrescentando que a combinação de queda de juros nos EUA com provável elevação da taxa Selic pode levar a montagem de operações de carry trade.

    Últimas