• Dólar cai 0,97% hoje com alivio externo, mas sobe 1,53% na semana

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  • 19/abr 17:50
    Por Estadão

    O dólar à vista acentuou ainda mais o ritmo de baixa ao longo da tarde e, após tocar mínima a R$ 5,1856, encerrou a sessão desta sexta-feira, 19, em queda de 0,97%, cotado a R$ 5,1994. A perda de força da moeda americana no exterior, em especial na comparação com divisas emergentes, abriu espaço para realização de lucros e redução de posições cambiais defensivas no mercado doméstico.

    Sem indicadores de peso aqui e lá fora, investidores operaram de olho nas tensões no Oriente Médio. Houve alívio com a ausência de resposta do Irã a suposto ataque israelense ao território iraniano ontem à noite, com danos mínimos à infraestrutura do país. Já a perspectiva de corte de juros nos EUA apenas no segundo semestre e em magnitude bem limitada – outro tema que tem guiado os negócios – estaria em grande parte incorporada aos preços dos ativos globais.

    Operadores notaram desmonte de posições de posições defensivas de estrangeiros, que ao longo da semana elevaram sua posição comprada na moeda americana (dólar futuro, mini contratos, cupom cambial e swaps) para mais de US$ 70 bilhões, novo pico histórico. Pode ter ocorrido também abandono de apostas especulativas amparadas na perspectiva de que o Banco Central interviesse no câmbio, algo que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, rechaçou em falas durante visita aos Estados Unidos.

    Além disso, houve relatos de entrada de exportadores na ponta da venda para aproveitar as cotações mais elevadas. Também contribuiu para a recuperação do real a alta do Ibovespa, graças ao forte avanço das ações da Petrobras, em meio a rumores de que o governo pode liberar aos acionistas 100% dos dividendos extras que haviam sido retidos.

    O operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, diz que houve muita procura por hedge cambial nos últimos dias em razão da questão geopolítica, além do fortalecimento global da moeda americana provocado pela perspectiva de manutenção de juros altos nos EUA por período mais prolongado.

    “Houve um alívio muito grande quando o Irã não revidou o ataque de Israel, com o dólar caindo lá fora e a gente acompanhando. Temos uma realização mais forte hoje porque o real sofreu bastante. Os exportadores também estão aparecendo para vender moeda”, afirma Iha, para quem a questão fiscal doméstica, hoje em segundo plano, pode impedir uma queda mais forte do dólar mesmo se houver melhor do apetite ao risco no exterior.

    Com o recuo de mais de 1% hoje, o dólar à vista termina a semana com ganhos de 1,53%, nos maiores níveis desde fins de março do ano passado. A máxima da semana ocorreu no pregão de terça-feira, quando se aproximou dos R$ 5,29, ao ser negociada a R$ 5,2875. Em abril, a divisa avança de 3,67%, o que leva a valorização em 2024 para 7,13%.

    Apesar de apelos para que o BC interviesse nos momentos de maior estresse ao longo da semana, a autarquia se limitou a promover rolagem de swaps cambias. Em evento em Washington, Campos Neto fez hoje mais uma vez a defesa da política de câmbio flutuante e reiterou que o BC intervém apenas quando identifica disfuncionalidade. Ontem, o presidente do BC disse que não faria intervenções para “combater uma mudança estrutural”, neste caso provada pela mudança das expectativas em torno da política monetária americana.

    Segundo Campos Neto, o que eu funciona para mercados emergentes é o de “princípio de separação”, pelo qual as taxas de câmbio são determinadas pelo mercado, sem intervenção do uma autoridade monetária. Ele voltou a dizer que, caso haja muitas intervenções no mercado de câmbio, os juros futuros longos vão subir de forma mais acentuada.

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