• Dois anos depois: sem abrigo na Floriano Peixoto, sem radar, obras incompletas, plano de ação no improviso e disputa política

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  • 24/mar 04:24

    É uma sucessão de enganos nas tomadas de decisões que não vêm acompanhadas de medidas resolutivas. Vejam que na sexta-feira, as empresas de ônibus anunciaram que recolheriam seus veículos às garagens às 21h30. Quem autorizou isso sem que houvesse uma outra opção de deslocamento? Porque nem todos são servidores públicos e tiveram ponto facultativo. Pessoal que trabalha em supermercados, farmácias, hospitais particulares, como cuidadores de idosos, enfim, uma gama expressiva de gente, ficou a pé. Contaram sabe com o que? Caronas solidárias organizadas em grupos de whatsapp fornecidas em boa parte por motoboys.

    Improviso

    A prefeitura teve dois dias para organizar um esquema especial de deslocamento, assim como providenciar um ponto central para armazenar água, comida, colchoes e roupas para serem levados a pontos de apoio e à casa de parentes onde desalojados foram hospedados. E não o fez. Foi tudo, mais uma vez, no supetão.

    Sem abrigo

    Dois anos depois de ‘comprado’, o abrigo da Floriano Peixoto que, na ocasião custa R$ 3,5 milhões, mas hoje teria aumentado para R$ 4 milhões, continua fechado. São 10 apartamentos de um quarto e 22 quitinetes que seriam usadas como alojamento provisório aos desabrigados. Mas o prédio, com algum imbróglio de compra, nem foi reformado ainda.

    Correria

    Foi impressão nossa ou o prefeito Bomtempo fez como o carioca Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro e se manteve – assim como parte do seu governo – fazendo vídeos para as redes sociais do centro de operações? Bomtempo só saiu para ir ao Independência, onde foi registrada a situação mais grave, à noite, quando o governador já estava chegando a Petrópolis.

    Alfinetada

    Pelo menos, desta vez, Bomtempo recebeu Castro na prefeitura e, aparentemente, as esferas começaram a cooperar, ao contrário de 2022. Mas, Bomtempo não perdeu a viagem e nas redes sociais agradeceu a ‘visita’ do governador, mesmo com Castro tendo anunciado que ficaria na cidade com uma força-tarefa e trabalhando.  E ainda assim, formaram dois locais distantes um do outro para as operações: Castro ficou no Corpo de Bombeiros e Bomtempo no Cimop.

    O Parque de Exposições, em Itaipava, alagado com as chuvas. Técnicos dizem que como parte da área fica abaixo do nível do Rio Piabanha essa cheia é prevista. Mas moradores e comerciantes dali dizem que piorou depois de obras nas imediações…

    Responsabilidades

    Os políticos, com raras exceções, apanharam firme nas redes sociais ao dar entrevistar ou publicar vídeos. Bomtempo pelos quatro mandatos e a falência de política habitacional e ainda pela gestão da crise, Castro pelas obras que não foram iniciadas e deputados e vereadores porque não cobraram ações.

    Radar

    Dois anos depois a gente não tem um radar próprio e nem conveniou com a prefeitura de Niterói nem com a UFRJ para usar o deles emprestado.  Um radar banda x é uma nova tecnologia que prevê a localização exata de temporais com pelo menos quatro horas de antecedência permitindo a evacuação das áreas. A gestão Bomtempo não se mexeu pra providenciar um e dois anos após a tragédia, em janeiro, o Estado disse que ia investir R$ 34 milhões para comprar um para Petrópolis e outro para Friburgo, isso com recursos do  Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). A última esperança é que Bernardo Rossi, agora como secretário estadual de Meio Ambiente, que gere Fundo, faça essa compra do radar.

    Sem Broadcast

    Nos Estados Unidos, Europa e Japão, os portadores de celulares recebem alertas sonoros mesmo com os aparelhos desligados, informando sobre situações de risco como tempestades, nevascas, tsunamis ou ameaças de terrorismo. No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou testes com essa tecnologia, chamada Broadcast, em sete cidades, incluindo Petrópolis e Angra dos Reis. No entanto, a implementação do programa está atrasada, apesar da previsão de início dos testes para janeiro, segundo informações das defesas civis municipais.

    A gente ainda vai continuar perguntando: qual a utilidade da cancela na Ponte Fones onde a inundação afoga a própria cancela?

    Sem luz

    Porque a gente insiste que a evacuação tem que ser ainda quando nem começou a chover: sexta-feira, depois do desabamento com vítimas, o Independência, estava um breu. A luz é a primeira coisa a falhar quando chove. Como sai de casa com criança, pet, idoso, cadeirante, debaixo do temporal, na enxurrada e no escuro?

    Contatos com a coluna: lespartisans@tribunadepetropolis.com.br

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