• Do lixo ao luxo: comunidade reaproveita materiais e transforma área no Vale das Videiras em centro de convivência

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  • 16/11/2019 10:00

    A comunidade do Vale das Videiras ganhou recentemente um presente alinhado à sustentabilidade. A psicóloga Cláudia Gomes e o designer Danilo de Gadê mobilizaram os moradores das região e juntos construiram um espaço comunitário sustentável, que pode ser usado tanto pelas crianças quanto por adultos. Entre hortas, composteiras e um parquinho, a área – que antes servia para acumular lixo – foi inaugurada na semana passada.

    Casados há quase cinco anos, Cláudia e Danilo afirmam que o objetivo da iniciativa – chamada “Lixo Não Vale” – é quebrar paradigmas, fazendo com que as pessoas estabeleçam um novo tipo de relação com o lixo. O espaço, que recebeu o nome de “Espaço Convivência da Prata”, ao mesmo tempo que reduz o acúmulo e o descarte irregular de lixo, também melhora as condições de coabitação de quem mora nas imediações. O local conta com quatro lixeiras de alvenaria, três composteiras, uma horta comunitária e um parquinho para as crianças, tudo feito a partir de materiais reutilizados.

    Segundo Cláudia, um dos fatores que motivou a construção do local foi que a comunidade do Vale das Videiras possui algumas dificuldades quanto ao descarte de lixo. Ela conta que o cronograma de recolhimento da Comdep não estava atendendo de maneira plena toda a localidade, já que não atendia com regularidade a região, além de também não realizar o serviço de coleta seletiva na área. “A verdade é que todo mundo pensa no lixo como algo que a gente quer bem longe da gente, que é sujo, que é o resto daquilo que não queremos mais, e que por isso nos desperta nojo, etc. Mas e se a gente conseguisse construir um lugar para descarte de lixo que fosse bonito, que nos desse prazer de estar ali, onde as pessoas pudessem se divertir e conviver? Possivelmente, as pessoas poderiam enxergar o lixo de uma maneira diferente, e essa foi a nossa motivação”, declarou a psicóloga.

    A construção do espaço teve apoio da AMAVALE, que é uma associação sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável da região do Vale das Videiras. A instituição defende os interesses da comunidade e visa desenvolver projetos que possam melhorar a qualidade de vida da população local.

    Cláudia destaca ainda que, durante a realização das reuniões e conversas de planejamento, o foco principal nunca foi a construção do parquinho em si, mas sim do espaço. “Ainda que algumas pessoas achassem que o parquinho era o ponto central da iniciativa, na verdade, nós estávamos buscando a pluralidade do espaço. Transformar um local onde se despejava lixo em algo maior, algo bom, um espaço de convivência. Promover uma mudança de hábito nunca é simples”, contou.

    “Fato era que, alguma coisa tinha que ser feita. As pessoas ainda não compreendem que não existe ‘jogar o lixo fora’. Jogar fora aonde? Você vive em todos os lugares, e é por isso que devemos cuidar de tudo à nossa volta. Tínhamos uma certa urgência em começar a dar um destino correto ao nosso lixo, e a comunidade respondeu positivamente a essa nossa preocupação. Não basta só ter a ideia, o importante era pegar para fazer de verdade!”, disse Danilo, de 50 anos.

    Recursos utilizados para levantar o espaço

    Todo o projeto de design do espaço comunitário foi desenhado por Danilo, que apresentou ao núcleo da AMAVALE e, após analisado e aprovado, começou a campanha para captar os recursos necessários. Toda a matéria-prima foi captada a partir de lixos descartados (como pneus, madeira, etc.) e também a partir de doações. Com cerca de 25 moradores trabalhando intensamente na construção, o espaço ficou pronto em pouco mais de quatro meses.

    “Fico muito feliz em ver como nossos esforços deram resultado. A Cláudia é a grande responsável por essa realização, foi ela que reuniu toda a comunidade em prol disso. Agora temos um lindo espaço que pode ser aproveitado por todos. Esperamos agora que a coleta seletiva seja implantada aqui também, seria o aliado perfeito para essa realização”, disse Cecília Cesário Alvim, moradora que se engajou na iniciativa.

    A AMAVALE é formada exclusivamente por moradores ou sitiantes do Vale das Videiras, cuja diretoria dedica seu tempo e trabalho pela preservação da qualidade de vida dos moradores de maneira voluntária e sem remuneração. Já o responsável pelas doações de ervas medicinais, temperos e outras mudas foi o Viveiro Muda Tudo, que também é parceiro da comunidade.

    Já concluído, a Comdep fez um acordo com os moradores de que realizará a coleta seletiva, em estágio experimental, no ponto onde foi construído o espaço de convivência, com uma periodicidade de 15 em 15 dias. Caso a inciativa seja um sucesso, a ideia é que os demais pontos da localidade também possam ser atendidos.

     

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