• Dívida do Brasil sobe 27,2% na pandemia e fica entre as maiores dos emergentes

  • 06/04/2022 12:03
    Por Bárbara Nascimento / Estadão

    A dívida pública brasileira teve um salto de 27,2% entre 2019 e 2021 chegando, no fim do período marcado pelo auge da pandemia do coronavírus, a 82%. Ainda que o porcentual de crescimento da dívida tenha ficado aquém da média dos países emergentes, de 37,8% nesses dois anos, relatório feito pela gestora Janus Henderson Group mostra que o Brasil tem hoje uma das maiores proporções dívida/PIB neste grupo de países, atrás apenas da Argentina.

    “A pandemia teve um enorme impacto sobre os empréstimos do governo – e as consequências estão destinadas a continuar por algum tempo ainda. Na América Latina, muitos governos responderam à crise sanitária com políticas fiscais ambiciosas para apoiar suas populações e economias, mas, em alguns casos, esses gastos criarão desafios para a dinâmica da dívida pública nos próximos anos”, aponta Bethany Payne, gerente de carteira de títulos globais da gestora.

    O relatório mostra, no entanto, que houve abordagens diferentes entre os emergentes. Enquanto Colômbia e Chile engrossaram ainda mais seus endividamentos soberanos nos últimos dois anos, em 46,2% e 42,7%, respectivamente, o México conseguiu um aumento bem mais modesto, de 13,8% – o menor entre esse grupo de países.

    Nesse mesmo recorte de tempo, entre 2019 e 2021, o relatório destaca que os países desenvolvidos tiveram um salto em suas dívidas de 25,3%. O relatório destaca, no entanto, que os custos do serviço da dívida em países emergentes são muito mais caros do que na fatia mais rica do mundo.

    “Os custos do serviço da dívida também são três vezes maiores por dólar emprestado do que a média global, de modo que esses países têm menor capacidade de arcar com os altos níveis de dívida vistos em outros lugares”, aponta o documento.

    Perspectiva de avanço

    E, para a Janus Henderson, o porcentual da dívida brasileira em relação à economia deve continuar subindo até atingir os 90% do PIB em 2025, levando o país à dianteira entre os emergentes mais endividados.

    Até 2025, a gestora prevê que a dívida argentina irá regredir a 79% (de 87% em 2021). Após o Brasil, o país com maior endividamento proporcional seria a África do Sul, com o equivalente a 75% do PIB.

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