• Diretor do BC diz que é ‘cético’ com relação ao uso do ‘forward guidance’

  • 23/abr 13:30
    Por Cícero Cotrim e Eduardo Laguna / Estadão

    O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse nesta quarta-feira, 23, que é “cético” com relação ao uso do forward guidance. A incerteza usual entre reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) já é muito grande, e hoje o cenário se tornou ainda mais incerto, ele destacou.

    “Eu não sou um grande fã do forward guidance“, disse Nilton, em um evento do JPMorgan em paralelo às reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, nos Estados Unidos. “Para mim, um forward guidance não é natural, a menos que você esteja muito distante de onde deveria estar.”

    O diretor explicou que a incerteza comumente envolvida em variáveis não determinantes no modelo do Copom, como a taxa de câmbio, já representa uma incerteza maior do que 1 ponto porcentual nas projeções de inflação do BC.

    Hoje em dia, o cenário se tornou mais nebuloso por causa das dúvidas sobre a implementação e a magnitude das tarifas nos Estados Unidos.

    Nilton explicou que, em dezembro, o Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual e forneceu o guidance de mais duas altas porque desejava comunicar ao mercado que adotaria uma postura contracionista, e que ficaria à frente da curva.

    O diretor não comentou explicitamente o forward guidance deixado pelo Copom na sua última reunião, de março. O colegiado aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 14,25%, e indicou uma nova elevação, de menor magnitude, no encontro seguinte, que acontecerá em 6 e 7 de maio.

    ‘Eventos pontuais’

    Nilton David disse que “eventos pontuais”, que levaram a um crescimento econômico acima do esperado, mesmo com os juros altos, não devem continuar contrabalançando o aperto na política monetária.

    “Não vamos ver eventos pontuais contrabalançando a política monetária à frente”, comentou o diretor, respondendo perguntas do evento.

    Segundo Nilton David, “eventos únicos” estimularam a atividade e o crédito nos últimos anos, mas a economia dá agora sinais de que chegou a um platô. Ainda assim, ponderou, o mercado de trabalho deve ser um dos últimos setores a desacelerar.

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