• Direto de Wall Street: bolsas de NY devem buscar direção na abertura com cautela por tarifas

  • 26/mar 10:23
    Por Estadão

    Aline Bronzati, correspondente

    Nova York, 26/03/2025 – As bolsas de Nova York devem retomar as negociações sem direção única e leves variações nesta quarta-feira, sinalizam os índices futuros, com investidores em compasso de espera pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previstas para entrar em vigor em 2 de abril. Nos últimos dias, Wall Street navegou por mares menos tumultuados com a sinalização de que as novas taxas poderiam ser mais brandas do que inicialmente previsto, mas a incerteza ainda prevalece uma vez que não há detalhes das medidas, que estão sendo usadas pela gestão republicana para negociar interesses com países aliados e adversários.

    Às 10h20 (de Brasília), o futuro do Dow Jones subia 0,14%, enquanto o do S&P 500 se mantinha estável e o do Nasdaq caía 0,15%.

    Nesta quarta-feira, o foco dos investidores se divide entre notícias sobre as tarifas de Trump e dados da maior economia do mundo.

    O britânico ‘Financial Times’ revelou que o tarifaço do republicano será feito em duas etapas: tarifas recíprocas imediatas e um sistema de investigações com taxas maiores.

    O presidente Trump disse ontem que não deverá haver muitas exceções às tarifas recíprocas de importação que entrarão em vigor no dia 2. Ele afirmou, em entrevista ao canal de televisão ‘NewsMax’, que os EUA sempre foram muito “brandos e fracos” na relação comercial com alguns países e que é preciso “retomar um pouco desse dinheiro”.

    Para o Barclays, as tarifas recíprocas devem ser destinadas a um grupo de cerca de 20 países, mas não há garantias de que serão baixas ou que não devam impactar muitos setores. Dentre eles, estariam nomes como Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, União Europeia, Japão, México, África do Sul, Reino Unido e outros.

    “Os mercados podem ter interpretado mal as notícias sugerindo que as tarifas recíprocas podem ser menos severas”, diz o economista do Barclays, Michael McLean.

    Enquanto monitoram novos desdobramentos do tarifaço de Trump, investidores digerem dados econômicos na busca de sinais sobre a saúde financeira da maior economia do mundo. As encomendas de bens duráveis nos EUA subiram 0,9% em fevereiro ante janeiro, para US$ 289,3 bilhões. Tal desempenho surpreendeu analistas consultados pela FactSet, que previam queda de 1% no período.

    Para esta quarta-feira, são esperados ainda dados dos estoques de petróleo e falas dos presidentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Minneapolis e de St.Louis, Neel Kashkari e Alberto Musalem, respectivamente.

    O mercado segue dividido quanto ao potencial de corte de juros nos EUA ao longo de 2025. Ora predominam as apostas de corte acumulado de 0,50 ponto porcentual, ora de 0,75 ponto porcentual, mostra levantamento do CME Group.

    Dirigentes do Fed têm alertado sobre incertezas elevadas no quadro atual e os possíveis impactos das tarifas na inflação americana e, consequentemente, na política monetária. “Estou prestando muita atenção à aceleração dos aumentos de preços e às expectativas de inflação mais altas, especialmente devido ao recente surto de inflação nos últimos anos”, disse a diretora do Fed, Adriana Kugler, ontem (25).

    A ação da GameStop, varejista de videogames, é destaque de alta nesta manhã ao saltar quase 12% no pré-mercado de Nova York, após o conselho da empresa aprovar um plano de mais investimento em bitcoin.

    No sentido oposto, a Tesla, de veículos elétricos, registrava perdas de 1,4% no pré-mercado, depois de ganhos de 3,5% no pregão à vista de ontem. Os papéis da companhia de Elon Musk têm sido pressionados por sua atuação política e já acumulam queda de 29% neste ano.

    Contato: aline.bronzati@estadao.com

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