• Dinâmica maior de estimativas de inflação está mais em 2024 e 2025 e menos em 2026, diz Guillen

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  • 27/set 17:14
    Por Daniel Tozzi Mendes e Francisco Carlos de Assis / Estadão

    O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou na manhã desta sexta-feira, 27, que a dinâmica de desancoragem das expectativas de inflação é maior nos anos de 2024 e 2025 do que em 2026. “A parte de 2026 não alterou muito, está em 3,6%”, frisou Guillen, durante sua participação no JHSF Capital Day.

    Em relação a 2024 e 2025, porém, o diretor do BC frisou que é importante observar as aberturas das estimativas do mercado para a inflação. Ele pontuou que, especialmente nas projeções para este ano, que têm rodado entre 4,3% e 4,4%, a pressão altista têm vindo de bens industriais e bens administrados, enquanto as projeções de alimentação no domicílio foram para baixo, entre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho e o RTI de setembro, publicado nesta semana.

    “São expectativas desancoradas para 2024 e 2025 e explicadas mais pela parte de regulados e bens industriais”, disse Guillen, pontuando, contudo, que essa persistência na desancoragem tem sido reforçada nas comunicações recentes do BC

    Ao comentar sobre o RTI desta semana, o diretor reforçou ponderações que já estavam no documento, como a avaliação de que as expectativas de inflação do BC para os próximos anos subiram como reflexo da revisão do hiato do produto para o campo positivo, da depreciação cambial e a elevação das expectativas de inflação do mercado.

    Guillen lembrou ainda que o RTI deste mês trouxe o anúncio de uma novidade, de que as projeções do cenário do BC, nos próximos documentos, passarão a englobar um horizonte de 10 trimestres à frente.

    Sobre o cenário atual da inflação, Guillen ainda fez questão de destacar que houve interrupção no processo de desinflação dos núcleos, que têm constantemente rodado acima do centro da meta, de 3%. Já sobre o preço de commodities, Guillen citou que houve uma desaceleração nos preços internacionais de alguns itens, mas em um cenário de valorização do dólar.

    Visão do mercado sobre a política fiscal

    O diretor de Política Econômica do Banco Central disse também que a visão do mercado financeiro sobre a política fiscal melhorou entre as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) que aconteceram no início do ano e as mais recentes

    Ele exemplificou que, nos questionários pré-Copom das reuniões de número 262 e 263, ou seja, de maio e junho, aconteceu uma piora muito significativa dos agentes sobre o fiscal do País.

    Citou por exemplo que, em junho, cerca de 80% dos consultados avaliaram que a situação fiscal estava pior. “Desde julho houve uma percepção de que o fiscal está estável em relação à reunião anterior, de junho”, apontou.

    Atividade econômica

    O diretor de Política Econômica do Banco Central reforçou que o cenário projetado pelo BC é de desaceleração no ritmo da atividade econômica do Brasil, entre outros, como efeito de uma política monetária mais contracionista agora, já que o BC passou a subir a Selic.

    Durante a participação no JHSF Capital Day, em São Paulo, Guillen repetiu que o BC reviu de 2,3% para 3,2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas que, para o ano que vem, a estimativa é de alta de 2%.

    “Mas tem grande incerteza sobre quando começa essa desaceleração e o que acontece ao longo desse processo”, ressaltou Guillen, dizendo que as discussões sobre o PIB, sobretudo as que fizeram com que o BC revisasse para cima sua estimativa de hiato do produto, estiveram bastante presentes no último encontro do Copom.

    Emprego

    Ao falar sobre o ritmo forte da atividade doméstica, Guillen comentou sobre o cenário atual do emprego, dizendo que há muitos indícios de que o mercado de trabalho está apertado. Ele frisou, por exemplo, que no último RTI os diretores do BC observaram que esses números fortes de emprego acontecem independentemente da região do País e dos setores de trabalho.

    Guillen também destacou que a velocidade com que um trabalhador deixa um emprego e assume outra vaga tem sido “muito rápida” e que os salários têm crescido, em média, a uma taxa de 5% de ganho real no País.

    Ainda sobre a renda, o diretor do BC frisou que esse ganho tem respondido a um conjunto de fatores, com destaque para, além do mercado de trabalho aquecido, a ampliação do crédito e o impulso via benefícios fiscais. “Você vê o consumo sustentado por isso, pensando no crescimento do PIB na ponta”, frisou.

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