Diálogo entre o lírio e a violeta: As flores falam…
Diz o lírio: por que se preocupa violeta?
Na verdade, enfeito riachos, vivo livre e descomprometido pelos campos, exalo suave perfume e sou feliz porque adorno o Reino de Deus.
Tenho culpa, se na Parábola Bíblica fui comparado às vestes de Salomão e mais original que elas, reconhecidamente ricas em bordados e brocados?
Vez por outra, alguém me descobre e lá vou eu enfeitar palácios, casas, catedrais e grandes banquetes.
Os estetas das flores, decoração e produção visual Mário Borriello, Amaury Jaime de Lima, Anderson Barcelos, Gustavo e Pedro, não raramente prestigiam-me em suas requintadas decorações.
Hora estou em altares majestosos da Capela Sistina, Basílica de São Pedro em Roma, Arquibasílica de São João de Latrão, Notre Dame de Paris, por vezes em La Madeleine, Bosques de Viena, Palácio de Buckinghan, Catedral São Pedro de Alcântara, Candelária e Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro.
Mas, também, faço realçar as nuanças multicoloridas em belas mansões a exemplo da suntuosa produção na bela residência do querido casal Joana Maria Teixeira e Aloysio Maria Teixeira Filho que abriu suas portas para homenagear os Advogados de 1974, da Universidade Católica de Petrópolis, ao ensejo das celebrações do Jubileu de Ouro de formatura, cujo Patrono foi seu pai, o ilustre Desembargador Aloysio Maria Teixeira, confrade do subscritor desta prosa na centenária Academia Petropolitana de Letras por mais de três décadas, cuja produção desse ágape coube ao conceituado jornalista Vinicius Fernandes.
É de bom tom relembrar minha presença nos lagos do Imperial Palácio de Tóquio ou circundando os arredores do Mena House, no Cairo com vistas para as Pirâmides.
Quem esteve no Egito sabe que estou a falar do sinônimo de beleza e opulência.
Violeta, se um dia puder, vá me ver às margens do Nilo ou então lastreando o Reno…
Não se preocupe, há espaço para todos.
Olhe a sua volta, observe os mulungus, ipês, magnólias, quaresmeiras, as rosas, tulipas, as orquídeas, gérberas, antúrios, as flores-do-campo, os frutos, os pássaros, os ursos, as carpas, os gatos, as cobras…
Ah, as cobras às vezes venenosas, mas fazem parte do equilíbrio ecológico.
É verdade, muitas delas são mortíferas, mas se assim não fossem, como as distinguiríamos de dóceis animais a exemplo dos belos e bem cuidados poodles?
Violeta, você parou para agradecer ao esplendor do pôr-do-sol e o prateado da lua?
Por que ao invés do rancor guardado no peito fruto do despeito, passe a reservar em seu coração o amor?
Tire partido das coisas boas, despenque-se em ramos e jogue-se nas lapelas das madames, transforme-se em Cinderela, em “Demoseilles d’Honneur” ou simplesmente enfeite pratos, mas invente outro recurso ou caminho que não seja a aridez vil e mesquinha.
Não fomente amargores e não seja invejosa buscando em mim defeitos que se os tenho são meus, não seus.
Se lhe sobrar um tempinho entre uma fofoca e outra, abra as Sagradas Escrituras e leia em I Cor. Capítulo 13, 1-13, que em síntese pontifica dentre as virtudes a fé, a esperança e a caridade.
A maior delas é a caridade, isto é, o amor. Observará violeta que suas pétalas aveludadas e roxas se tornarão mais formosas.
Ao transluzir a paz que o mundo deseja e por ela tanto clama será feliz e cumprirá seu destino.
Mostre ao mundo que não está fadada tão somente a estufas.
Eu sou feliz porque tenho por morada o campo inteiro, os brejos, lagos, as minas de água fresca e só quem morou na roça sabe distinguir.
Não queira terminar seus dias em um vaso de barro, manchado de lodo, e não falo por sarcasmo, mas se me é permitido um conselho, tome cuidado, porque ainda que adubada e regada, dependendo de seu estado de espírito acabará por se melar, fenecer e apodrecer.
Não transforme sua vida em rotina menina, pois tem tudo para ser elegante e bela, tal qual esta borboleta que, por ironia do destino, é cor de violeta, a sugar de mim o néctar nesta suave manhã.
Seja feliz violeta, ainda há tempo.