No Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado nesta sexta-feira (27), o Hospital Santa Teresa, por meio da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes), destaca os desafios e a importância do acolhimento e conscientização sobre o tema. Carlos Carneiro, coordenador de enfermagem do hospital, reflete sobre o trabalho da CIHDOTT e o impacto das ações de conscientização.
Segundo Carneiro, um dos principais obstáculos para a efetivação da doação de órgãos no Brasil é a taxa de não autorização familiar. “O principal desafio é acolher as famílias dos potenciais doadores, fazendo com que entendam o processo do diagnóstico de morte encefálica. Muitas vezes, as negativas ocorrem por receio ou desinformação”, explica.
Para mudar essa realidade, a CIHDOTT promove ações de conscientização. “Capacitamos nossa equipe em cursos oferecidos pela Central Estadual de Transplantes e participamos de eventos anuais promovidos pelo RJ Transplantes, como homenagens às famílias doadoras e encontros das CIHDOTTs do Rio de Janeiro”, afirma Carlos.
O processo de identificação de potenciais doadores começa antes da constatação de morte encefálica. “Pacientes que apresentam ‘morte encefálica iminente’ devem ser monitorados, já que as principais causas dessa condição, como traumatismo cranioencefálico (TCE) e acidente vascular encefálico (AVE), representam 84% dos casos”, aponta o coordenador.
No Hospital Santa Teresa, a CIHDOTT atua em parceria com uma equipe multiprofissional que se dedica à identificação e acompanhamento dos casos de morte encefálica. “Lidamos com muita seriedade, pois, além das funções rotineiras de cada profissional, nos envolvemos profundamente nos casos de doação”, destaca Carneiro.
A abordagem das famílias é feita com o máximo de profissionalismo e respeito. “Respeitamos sempre a decisão da família, independentemente do desfecho, prestando assistência ao potencial doador e oferecendo suporte emocional à família em um momento de grande dor e luto”, acrescenta. A autorização para a doação ocorre através de uma entrevista conduzida por psicólogos e enfermeiros capacitados, que utilizam técnicas de comunicação humanizada.
Além disso, o papel do hospital é crucial para a logística da doação. “Nós fornecemos toda a estrutura necessária para que a captação de órgãos ocorra da forma preconizada, com salas cirúrgicas adequadas, equipe treinada e uma comunicação eficiente com a central de transplantes”, ressalta.
Durante o mês de conscientização sobre a doação de órgãos, o Hospital Santa Teresa também se une à causa. “É preciso despertar a consciência de que a doação pode ser a única esperança de vida para quem aguarda por um transplante”, reflete o coordenador.
Para o futuro, a CIHDOTT planeja intensificar a conscientização através de palestras em escolas e faculdades, disseminando informações para sensibilizar a população e aumentar o número de doadores.