Hoje, 7 de abril, é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Criado em 2016, essa data foi instituída como uma iniciativa para chamar a atenção para os problemas causados pelo bullying e estimular a reflexão sobre o tema. Sancionada no exato dia do massacre em Realengo, ocorrido cinco anos antes (2011), a Lei nº 13.277/2016 estabelece e reforça o apelo por mais empenho em medidas de conscientização e prevenção ao bullying.
O termo Bullying – Bully – significa “valentão”, aquele que utiliza de certa valentia ou confunde o conceito da palavra para desqualificar ou diminuir a outra pessoa, seja por conta de uma diferença física, psíquica, sexual e material.
Mudanças de comportamento podem ser um sinal
A psicóloga Renata Jungstedt explicou como o bullying na infância e adolescência pode contribuir para consequências negativas do indivíduo na fase adulta. “São consequências muito graves porque se essa criança/adolescente não passar por alguma intervenção, ela vai crescer um adulto inseguro, com muita ansiedade, com comportamento depressivo. Então, a gente precisa ficar atento às mudanças de comportamento das crianças e adolescentes, eles dão sinais quando as coisas não estão bem”, explica.
As mudanças de comportamento ocorrem em diversas ocasiões no dia a dia. Segundo a profissional, quem sofre com bullying pode apresentar queda no desempenho escolar, baixa autoestima, insegurança e há possibilidade de apresentar comportamentos ansiosos, como roer unha, alteração de apetite e sono, além de medos excessivos. “Sabemos também que vítimas de bullying têm potencial enorme ao suicídio. Toda hora vemos as notícias na TV e no jornal, que trazem esses casos pra gente, porque a criança e adolescente não têm, ainda, condições emocionais para suportar toda aquela agressividade, todo aquele mal-estar, toda aquela sensação de menos valia que ela sente quando é vitimizada pelo bullying”, alerta.
Douglas Mattos é cadeirante e portador de paralisia cerebral, ele conta sobre o momento em que ainda estava na escola e sobre a falta de entendimento a respeito do bullying na época. “O bullying, no início da minha jornada como cidadão na escola, não era chamado bullying, não tínhamos o conhecimento que hoje nós temos. Em 1994 isso já existia, mas as pessoas não tinham o conhecimento da psicanálise e da psicologia de hoje. Essas coisas evoluíram muito de 20 anos pra cá. As pessoas me sacaneavam muito, sempre foi assim, até na faculdade”, diz.
Cerca de 29% dos estudantes já sofreram bullying
De acordo com os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018, 29% dos estudantes brasileiros relataram terem sofrido bullying. A média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 23% e o ambiente pouco receptivo afeta o desempenho dos estudantes.
Combate do bullying nas escolas
A partir da Lei nº 13.185/2015 foram instituídos importantes objetivos que mostram caminhos mais corretos a serem seguidos a fim de combater o bullying. No âmbito escolar, o objetivo é capacitar os docentes e as equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema.
Também instituído na lei, se faz necessária a integração dos meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, a fim de identificar e conscientizar o problema e como preveni-lo e combatê-lo. Em caso de identificação de vítimas e/ou agressores, incentiva-se que os casos sejam relatados e imediatamente tratados pela direção da escola e/ou dos responsáveis direitos dos envolvidos, como forma de exemplo e a fim de que outros alunos reiterem seus atos.