Dia do Aposentado: sem comemoração no Estado
Hoje o dia é daqueles que dedicaram uma vida inteira ao trabalho e que estão, agora, recebendo os benefícios da Previdência Social e aproveitando melhor os bons momentos. Na teoria, era isso que deveria acontecer mas, na prática, a situação é bem diferente, especialmente para aqueles que se aposentaram pelo Governo do Estado. Hoje, pelos quatro cantos da cidade, o que se vê é um grupo desamparado e sem perspectiva de receber o salário mês após mês.
“A sensação do aposentado hoje é a do descarte social”, lamenta Silvana Regina Barros. Ela é apenas um exemplo de servidor do Estado que segue a espera do pagamento. Muitos até conseguiram, no início, se manter em dia com suas obrigações, mas hoje já não vivem mais sem a ajuda de familiares.
“É muita tristeza! Acabamos com todas as nossas economias e, mesmo assim, nunca é suficiente. Hoje não consigo pagar uma conta em dia. O plano de saúde, a faculdade do meu filho… Sempre me ligam cobrando de forma ríspida. Eles sabem da situação dos servidores estaduais. Todos sabem… Mesmo assim nada é feito a respeito e quando nos pagam alguma coisa não conseguimos nem nos organizar para as próximas contas. Isso porque as vencidas já estão cheias de juros e o dinheiro que chega aos poucos já não é suficiente nem para os débitos que foram se acumulando”, lamentou Silvana, que tem 57 anos e atuou por 24 anos como professora.
Silvana mora com a irmã, também inativa pelo Estado, junto com o filho de 22 anos, que faz faculdade em Petrópolis. Ambas afirmam não saber mais o que fazer para resolver os problemas que surgem diariamente, nem o que dizer aos cobradores. “A nossa sorte é que o proprietário do apartamento tem sido flexível, mas até quando ele conseguirá ser compreensivo com a nossa situação? Hoje tenho um gasto médio de R$ 1 mil por mês apenas com medicação. Mas parei de tomar alguns desses remédios por não ter de ontem tirar dinheiro. Também parei de fazer fisioterapia. Fazia em casa, devido a uma doença que acabou enfraquecendo meus membros inferiores. Tudo isso me deixa aflita e muito triste”, contou Cláudia Maria Barros.
Com cinco graduações e mais de uma década de contribuição à Previdência estadual, as irmãs passarão o Dia do Aposentado ainda sem saber qual é a previsão para receber os salários de dezembro e de janeiro. Também esperam o 13°. “Realmente, não temos o que comemorar”, finalizou Cláudia.