• Dia da Saudade

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  • 08/11/2020 00:01

     

    Quem veio do século passado certamente conheceu o Major Antônio Virgínio de Moraes. Cumprira ele meritória carreira militar e, por fim, reformado com todas as honras e dignidades inerentes a um verdadeiro cidadão patriota – com passagem pela FEB – dedicava-se à família e frequentava as lides culturais. Escrevia muito bem, com absoluta correção e também apreciava escrever versos. Era poeta inspirado. Ingressando na Academia Petropolitana de Letras em 22 de agosto de 1942, ocupando a cadeira nª 34, patronímica de Rocha Pombo. Foi eleito presidente da Entidade, cumprindo seu mandato no biênio 1958-1959. Frequentava a Academia, proferia palestras, participava da vida petropolitana com amor.

              Todos os anos, no Dia de Finados, publicava ele  no Jornal de Petrópolis uma crônica onde lamentava o falecimento de pessoas que conhecera e que haviam honrado Petrópolis e seu povo, em todos segmentos da vida municipal. Todos os anos o registro do Major Virgínio era aguardado pelos leitores do matutino e a cada ano, o espaço aumentava porque ele relacionava os falecidos do ano e repetia os nomes dos anos anteriores.

              Assinava “Feijó”, seu pseudônimo na imprensa. Certamente possuía excelente arquivo e acompanhava atentamente os noticiários e registros dos cidadãos em evidência que haviam encerrado suas missões no planeta. Tributava a todos a homenagem da citação, lamentando o  vazio aberto na comunidade. Eu lia e guardava o recorte para servir de fonte em minhas pesquisas sobre Petrópolis e seus vultos em toda a história.

              O valoroso soldado e escritor deixou-nos no dia 16 de março de 1994 e ninguém mais relacionou os óbitos das personalidades na edição do dia de Finados.  Naquela oportunidade foi atinente a ele o registro de falecimento, justamente em dia caro pois cumpria a cidade o calendário comemorativo da fundação, ao qual o Major Virgínio sempre comparecia ao lado de seus companheiros da FEB. Na solenidade cívica o soldado corneteiro do Nosso Batalhão executou o toque de silêncio enquanto todos comentavam respeitosamente sobre a vida e obra de nosso herói da FEB.

              O Dia de Finados possui essa magia de ser ao mesmo tempo um dia de tristeza quanto de alegria pela recordação dos queridos seres já em plano superior e cujos despojos a cidade guarda e reverencia a cada ano percorrido. Momento de encontro, de sentimento, Finados não é o dia dos Mortos, não, não pode ser!!  Mudemos o rótulo: é o Dia da Saudade pela ausência mas também o dia da Felicidade pela boa lembrança que foi deixada no coração de cada um..

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