• Dia 15 de agosto: Dia dos Solteiros

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  • 14/08/2016 08:00

    Muitos não sabem, mas no dia 15 de agosto é comemorado o Dia dos Solteiros. A origem da data é desconhecida, mas acredita-se que ela foi criada para competir com o já tradicional Dia dos Namorados. A data é festejada por aqueles que ainda não encontraram a sua alma gêmea, mas isso não é problema para quem está num relacionamento sério com liberdade. Recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que no ano passado o Brasil tinha 77 milhões de solteiros, entre homens e mulheres. 

    Apesar dos números, a psicóloga Carla Beatriz dos Santos diz que tanto os homens quantos as mulheres querem um relacionamento estável, mas o momento em que estamos vivendo está deformando aos poucos os encontros e, por consequência, o interesse das pessoas. "O advento da internet e as redes sociais agravaram potencialmente o afastamento entre as pessoas, por um lado criando uma falsa sensação de proximidade, porém absolutamente descartáveis. Se uma pessoa não te agrada, mesmo depois de conversarem via net, a pessoa apaga você, apertando um botão. E pronto, acabou o vínculo ou qualquer possibilidade de contato", diz a psicóloga. 

    Mas Carla diz que a internet ao mesmo tempo em que ajuda nos relacionamentos também pode prejudicar. Para a psicóloga, o ideal é o contato físico.  "Na minha opinião, este movimento é muito nocivo para as relações, pois incentiva e facilita demais o descarte entre as pessoas, fomentando sentimentos ruins, como o descaso, por exemplo. Por um outro lado, existe o que podemos entender como 'bom', à medida que encontros interessantes podem acontecer, sim, pois pessoas bacanas podem estar escondidas atrás da tela do computador ou do celular por serem tímidas demais para uma aproximação real e treinam suas intenções virtualmente, o que pode ajudar, às vezes. Porém, ainda assim, defendo a ideia do contato real, olho no olho, paquera mesmo". 

    Outra causa que influência na busca pela liberdade é o sucesso profissional e a instabilidade financeira, que colaboram para as pessoas deixarem os relacionamentos em segundo plano. “Em primeira mão podemos até entender a escalada para o sucesso profissional como um fator que contribuiria para a manutenção da dificuldade nos relacionamentos sim, mas ainda acredito que existem outros motivos relevantes, como a facilidade em descartar o outro, acreditar num conceito de amor equivocado e na 'bolsa de valores morais' estarem aos poucos se desconstruindo”, coloca a psicóloga.  

    Muitas pessoas levam as frustrações de um relacionamento anterior como desculpa para não relacionarem. Carla diz que as decepções passadas não podem interferir nas relações atuais. “No sofrimento se encerram muitas outras possibilidades, a pessoa pode transferir para as futuras relações todo o conteúdo traumático vivenciado anteriormente, nesse caso é necessário um tratamento psicológico para que a pessoa possa enxergar além da película de sua experiência e vislumbrar o novo como algo que pode ser bom, pois se houver uma carga negativa, a própria pessoa acaba por definir seu destino, pois fará escolhas ruins e sem um critério novo, dessa forma abrangendo apenas sua própria percepção.” 

    Estar sozinho e ser solitário não são a mesma coisa e não significa estar infeliz. Para a psicóloga, é possível, sim, estar solteiro e ser feliz.  "Existe uma distinta diferença entre estar solteiro com estar triste ou deprimido, na minha opinião. Você pode estar solteiro e rodeado de bons amigos, família, trabalho, desafios profissionais, projetos de vida e estar feliz. E pode estar casado e estar absolutamente só, tanto pela companhia ausente, assim, como uma vida pessoal esvaziada", diz Carla. 

    Em relação ao estigma que as pessoas acabam tendo que carregar por serem solteiras, a psicóloga diz que são padrões institucionalizados pela própria sociedade. " As pessoas de uma certa forma nos impõem que tenhamos isso ou aquilo, que sejamos isso ou aquilo, que devemos fazer isso ou aquilo até uma determinada idade. Isso são padrões que, embora na maioria das vezes os sigamos, eu, particularmente, os vejo como algemas sociais que nós devemos antes de segui-los observar se de fato estamos felizes com aquilo, se é o que de fato queremos para nossas vidas, pois numa situação onde o que prevalece é o padrão, provavelmente, mais cedo ou mais tarde, teremos uma pessoa infeliz ou frustrada, porque algo ficou para trás e as vezes, por inúmeras razões, não se consegue resgatar. Não escolham seus relacionamentos medindo-os pela carência afetiva ou pelos padrões sociais e sim pela satisfação de estar com aquela pessoa ao seu lado", ressalta Carla.  

    Solteiro sim, sozinho nunca 

    Solteiro convicto, o advogado Rogério Guimarães é o exemplo de que a felicidade não está entrelaçada a outras pessoas. Aos 52 anos, Rogério, que nunca se casou e não tem filho, diz que não pensa em dividir o mesmo teto com outra pessoa. "Sempre namorei. Já fui noivo. Já pensei em me casar, mas logo mudo de ideia. Estou namorando com uma mulher de 41 anos, que até mesmo pela idade pensa em casar, a cobrança é grande, mas quem sabe no futuro bem distante", diz o advogado.  

     Rogério acha que o casamento é uma mera convenção social, que nem por isso vai deixar de amar uma pessoa. "Isto é uma regra que a sociedade te passa que você tem que casar, ter filhos, ter alguém até morrer. Pelo contrário, a chance de desgastar e de dar errado são enormes. Quando você não está o tempo todo com a pessoa é diferente, dá saudade, o tesão é maior. A história é diferente quando se está perto o tempo todo", diz o advogado. 

    Apesar de estarem juntos há um ano e meio, Rogério diz que não vê a necessidade de morar com a namorada. "As pessoas dizem que eu nunca me apaixonei, pois quem gosta quer estar junto a todo momento. E não é assim, sou um eterno apaixonado. Saímos, viajamos, nos divertimos muito, mas eu tenho essa opção de querer não casar, de não querer morar junto com ela. Não me considero encalhado como muitos pensam, mas essa é a minha opção, de ser solteiro", finalizou.

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