Despertanto poesia nas escolas
Após mais de 10 anos participando do júri dos concursos de poesias do Colégio Ipiranga, fui forçado a me afastar por dificuldades de visão, obviamente pelo desgaste da idade – se somos perfeitas máquinas mas com a tolerância do tempo. Por isto peço emprestado ao meu saudoso amigo e mestre Romildes de Meirtelles, uma de suas milhares de trovas – “Os meus cabelos, sou franco / não espelham minha idade/ sou eu que os pinto de branco / com a tinta da saudade!”. – a éterna trova – o estilo de poesia mais sublime e sucinto.
Lá cheguei pelas mãos de Doris Gelli – o que muito agradeço, pois sempre participei com grande satisfação, inclusive pelo alto nível dos alunos na arte de versejar ao lomgo de todos esses anos por mais de 33 anos – mas o importante é que ele existe e cada vez com mais força e incentivo por parte da direção da Casa, dos professores e o interesse dos alunos.
Não tenho noção de quantos colégios, espalhados por este Brasil imenso, propiciam eventos semelhantes e também não sei quantos, na nossa cidade, o fazem – sei que muitos assim procedem, mas sem desmerecer os que se empenham a tanto, há uma necessidade de se espelharem em tal evento, não somente pela organização mas também, com mais força, no incentivo que dão aos alunos, extraindo o máximo de cada aluno que, de um modo geral, apresentam trabalhos de primeira qualidade, claro, cada um proporcional às respectivas idades.
Sem desmerecer os diversos trabalhos de poemas em estilo livre, o que mais me impressiona é o interesse de alguns do ensino médio que já demonstram queda pelo “antiquado” soneto (meu ponto fraco) e que, conversando com um jovem aluno, se disse surpreso como (palavras dele) poetas atuais tanto desmerecem o estilo tradicional. Expliquei-lhe, rapidamente e em poucas palavras, o porquê e me comprometi a confeccionar, para ele, um exemplar, mesmo artesanalmente, do meu livro “O Conceito do Soneto” (não editado), onde abordo inúmeros pareceres de poetas e escritores a favor da preservação do estilo com suas regras fixas, igual ao que fiz e levei para outra aluna, conforme havia prometido.
Ignoro se tais jovens sofrem influência de suas famílias ou dos professores (que devem somente orientar), mas creio que seja mesmo espontâneo, pois os que assim procederam souberam respeitar rigorosamente a distribuição das rimas só derrapando, e é natural, na metrificação, mas certamente que chegarão lá com perfeição, para alegria de muitos e da própria poesia, mas tristeza para a ala de oposição.
Portanto, está de parabéns a equipe do Colégio Ipiranga, pela grande contribuição ao segmento poético, alicerçando futuros bardos de nossa sofrida cultura, e que as demais escolas sigam seu exemplo pois, como aprendi com a professora e prima afim, Eunice Sá Fortes:“é melhor copiar o belo que criar o feio”.
jrobertogullino@gmail.com