Desembargador Fonseca Passos
Na manhã da última 5ª feira fui colhido com a triste notícia do falecimento do eminente desembargador José Joaquim da Fonseca Passos.
Conheci-o através de sua irmã, Maria José da Fonseca Passos, alta funcionária do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que militou juntamente com meu pai em diferentes setores daquela autarquia.
Mantive alguns contatos com o desembargador através do Diretor-Geral do Tribunal Regional Eleitoral, o também sempre lembrado Dr. Sylvio Annechini.
O desaparecimento de tão importante figura deixa uma enorme lacuna para o Judiciário, eis que se tratava de um magistrado dotado de todos os requisitos inerentes àqueles que assumem postos como o fez o ilustre desembargador.
Deixa-nos aos noventa e sete anos, com uma descendência digna do mais alto registro; como exemplar chefe de família soube encaminhar, com absoluto êxito, os três filhos.
Casou-se com a professora Nilza Rosa da Fonseca Passos, porém perdeu a esposa há alguns anos, fato que muito o entristeceu.
Sempre muito ligado às irmãs e irmãos, segundo relato que me prestou sua prestimosa irmã, Maria José.
Pai do desembargador Carlos Eduardo da Rosa da Fonseca Passos, da defensora pública Regina Maria da Fonseca Passos Bittencourt e da advogada Maria Lúcia da Fonseca Passos, o insigne desembargador realmente marcou época junto ao Judiciário do estado do Rio de Janeiro, por sua competência e notório saber.
Durante sua longa trajetória, desempenhou importantes atividades de natureza profissional e de caráter associativo, tendo presidido a Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro, atual AMAERJ. Ademais, foi professor do Instituto Lafayette e responsável pela organização da biblioteca da entidade.
O valoroso magistrado nasceu em Paraíba do Sul no dia 24 de agosto de 1919, terra da qual nunca se esqueceu, frequentando-a, juntamente com a família, enquanto a saúde assim o permitiu, uma vez que deixou aquela cidade para viver no antigo estado da Guanabara.
Formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, atual UFRJ, tendo ingressado na magistratura na década de mil novecentos e sessenta; atuou junto à Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral, sendo que no ano de mil novecentos e setenta e nove alçou ao elevado cargo de desembargador do Tribunal de Justiça onde marcou presença de forma indelével, todavia, deixando marcada, também, brilhante e firme atuação por ocasião do exercício da presidência do Tribunal Regional Eleitoral, cargo que exerceu no período de mil novecentos e oitenta e cinco até mil novecentos e oitenta e nove.
A irmã, Maria José, descreve-me, emocionada, com precisão de detalhes, no tocante a importantes momentos da vida e obra do eminente brasileiro, sobretudo do jurista respeitável.
Todavia, pude perceber que é portadora de eternas saudades daquele que partiu, deixando patente, por outro lado, que a morte do irmão veio a lhe trazer imensa solidão, vez que os demais também já deixaram estas paragens.
Ressalta, por vezes, ao relembrá-lo, que carrega o peso de tão lamentável perda, por se tratar de pessoa extremamente ligada aos seus, e, por isso mesmo, não como forma de tentar esquecê-lo, mas, como consolo a um coração partido, como de toda família, permito-me lembrar o que escreveu o velho amigo, o poeta Osmar de Guedes Vaz:
“Com fé, amor, confiança, / Faça, sempre, a sua prece, / pois Jesus tem na lembrança / os bons, dos quais não se esquece”.