Descuidos e desmandos
As últimas chuvas, no final de semana que passou, trouxeram à baila uma discussão recorrente. Até que ponto a população pode ser culpabilizada pela quantidade de lixo que junto com as águas, foram causadoras de tantos transtornos? Ou colocando de uma outra forma, até que ponto a administração municipal pode responder e a ela se atribuir uma falta de negligência na coleta, a contento, do lixo? A população não preza seus rios, sim, isto é uma verdade incontestável; mas seria somente esta atitude, a causadora? Respondo que não. Senão vejamos: quando se deixa de fazer uma coleta que realmente seja eficiente, a maior parte do problema se reflete e vem à tona: é o que temos hoje e que, a bem da verdade, já tinhamos no passado.
De há muito, Petrópolis está a sofrer com um trabalho nada bem-feito com relação ao seu lixo. Entendo e culpo sim, a população por jogar lixo nos rios; mas pergunto se o lixo fosse retirado com a necessária presteza, como deveria ser feito, o quanto disto não estaria resolvido? A população é reflexo de um governo. Se um governo se porta mal, por conseguinte, a população se porta mal. Se um governo não promove campanhas educativas maciças em um assunto de saúde pública, esperar que a população se auto eduque para isto, é acreditar em Papai Noel.
Existe um ditado popular que diz: "quando o gato não está, os ratos tomam conta"… onde está a governança municipal que paga uma coleta cara e que deixa em muito a desejar. É patente a quantidade de entulhos, de matos e de lixos não recolhidos ou mal recolhidos, que com as chuvas vão parar dentro dos rios
Hoje não se tem mais um serviço de capina (em meio ao mato, lixo e entulho também se escondem). As equipes de capina sumiram, ninguém sabe e ninguém viu onde elas estão.
A voz das ruas não está nada favorável a esta administração municipal, mas infelizmente não está fazendo eco e chegando aonde deveria. A manutenção da Cidade num todo, está deixando e muito, a desejar. Buracos, lixo, capina, iluminação pública são problemas que se juntam a tantos outros na saúde e na educação. Ônibus quebrados, ônibus que não cumprem horário, carros estacionados sobre as calçadas, comércios que invadem calçadas, obrigando as pessoas a circularem no meio das ruas; soma-se a isto, uma fiscalização precária no ordenamento do trânsito e transportes.
Na saúde, o que transparece ser, é um setor de impossível solução, quando sabemos que muitos dos problemas poderiam ser solucionados com um pouco de boa vontade, trabalho e criatividade. Não é só de dinheiro que vive uma administração; dinheiro é muito bom quando está disponível; quando não está, outras formas de gestão são necessárias de serem levadas a efeito. O que não se vê, tampouco se sente, é o alegado pela propaganda oficial " muitas melhoras na saúde", como se propaganda resolvesse o que realmente precisa ser resolvido. Onde estão definidas as prioridades?
Pergunto a você, qual a última vez que você entrou na rodoviária antiga no centro, em um dia de chuva? Faça isto e se não tiver a coragem necessária para tanto, digo o que será encontrado: goteiras de toda a sorte, moradores de rua que ali residem, banheiros imundos, animais abandonados circulando, mal cheiro e imundícies de todo tipo. Isto é normal? Isto pode ser aceito? E olhem que falo apenas de um determinado local.
Passados um ano e três meses, infelizmente no Município nada melhorou: a gestão e seus assessores ainda culpam a herança deixada pelo governo anterior e dela se valem como desculpas para nada ter sido feito ainda. Dizem que é pouco tempo para uma melhoria. Será mesmo? Não, não é. E esta justificativa já está ficando fora do tempo. Escudam-se dizendo que os salários, ao menos, estão sendo pagos em dia, como se isto não fosse uma obrigação.