Desconforto: abrigos precários prejudicam usuários de ônibus
Quando falamos em mobilidade urbana a primeira coisa que vem a nossa cabeça são os problemas no trânsito. Ruas lotadas, tempo desperdiçado nos veículos, vias esburacadas e estreitas. No entanto, essa questão envolve muitos outros agentes e fatores, e vai muito além da quantidade de carros que trafegam diariamente. Os pedestres e usuários do transporte coletivo fazem parte de todo esse processo que é a mobilidade urbana.
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Quem anda pela cidade e utiliza o transporte público sofre com a má conservação das calçadas e dos pontos de ônibus. Os abrigos, quando existem, estão em sua maioria quebrados. Não há nenhum tipo de conforto para quem espera pelos coletivos nesses locais. Em dias de chuva, as goteiras são inevitáveis. E nos dias mais quentes, a estrutura não projete de forma adequada. Os idosos e deficientes são os mais prejudicados pois faltam bancos na maioria desses abrigos.
A falta de conservação é comum até mesmo nas ruas principais da cidade como na Coronel Veiga. No ponto de ônibus em frente a um conjunto habitacional, o telhado está tomado de buracos. Na Ponte Fones na via sentido Quitandinha, outro local de grande movimento, um dos abrigos também está quebrado.
Nos bairros mais distantes do Centro, a situação é ainda pior. No Taquara, por exemplo, a equipe da Tribuna encontrou pontos de ônibus tombados e alguns em meio ao mato. “Já perdi as contas de quantas vezes avisamos à CPTrans sobre esse problema e até hoje nada”, disse a moradora Josiane Mattos, de 32 anos.
Ela contou que tem quase um ano que o ônibus, que atende a comunidade, derrubou o abrigo. A estrutura foi quase destruída e está encostada em um muro. “Se mexer é capaz de cair e machucar alguém. Eu tenho que pegar o ônibus ali. Fico mais afastada. Os idosos e um morador cadeirante também não ficam ali”, comentou a moradora. O abrigo fica no antigo ponto final do Taquara. Na mesma rua, nossa equipe também encontrou um local de embarque e desembarque praticamente dentro do mato. Além da falta de capina, o ponto não contava com bancos para os usuários.
Em nota, a Prefeitura informou que a CPTrans irá encaminhar uma equipe técnica aos locais apontados para verificar as demandas e efetuar os reparos.
Rua Paulo Barbosa: usuários de ônibus disputam espaço com pedestres e ambulantes
“A gente tem que tomar cuidado para não empurrarem. É muita gente, muita confusão”, lamentou a aposentada Maria Chaves, de 77 anos. Moradora da Rua Adão Brand, no São Sebastião, a idosa pega o ônibus na Rua Paulo Barbosa, no Centro. Sem nenhuma estrutura adequada, o local de embarque e desembarque fica na calçada, onde os usuários do transporte coletivo disputam espaço com os pedestres e ambulantes.
Atualmente, na Rua Paulo Barbosa é o local de embarque e desembarque de todos os coletivos que atendem o Independência, Taquara, São Sebastião e Valparaíso; além dos ônibus para Itaipava, Corrêas e Nogueira. Com as calçadas estreitas, apenas 2,5 metros, os usuários aguardam o transporte sem nenhum tipo de estrutura.
“Seria bom que tivesse bancos para gente. Ficamos em pé esperando o ônibus que nunca está no horário”, disse a moradora do São Sebastião, Maria Pereira, de 77 anos. A idosa aguardava o coletivo encostada na porta da loja, assim como muitos outros usuários. “Aqui é melhor, ali fica confuso”, ressaltou a aposentada.
Um projeto da Prefeitura incluído no Plano Municipal de Mobilidade (PlanMob) prevê uma completa reformulação da Rua Paulo Barbosa. A ideia é aumentar as calçadas, instalar abrigos de ônibus e mudar a disposição do ponto de táxi e do estacionamento rotativo. De acordo com o projeto, a calçada ganhará mais 50 centímetros e os pontos de ônibus (que ficarão separados) terão 2,50 ganhando bancos e cobertura para os usuários.
O Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) já aprovou o projeto e de acordo com a Prefeitura o próximo passo é captar recursos para o início da obra.