• Deputada evangélica retira assinatura do projeto que equipara aborto a homicídio

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 17/jun 20:18
    Por Gabriel Tassi Lara / Estadão

    A deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA) pediu para que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados retire o nome dela da lista de assinaturas do projeto de lei que equipara o aborto ao crime de homicídio. O pedido da parlamentar, que faz parte da bancada evangélica e da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi feito na última quarta-feira, 12, mas só foi protocolado nesta segunda-feira, 17.

    A deputada diz que assinou o projeto sem saber que a proposta poderia fazer com que mulheres que abortam fetos provenientes de estupro tenham uma pena maior do que os violentadores sexuais.

    “Após essa constatação, a deputada fez a retirada da assinatura porque tem certeza absoluta que esse projeto não irá favorecer nem as mulheres, nem as crianças, somente os agressores e estupradores” afirmou a parlamentar em nota.

    Renilce também declarou que é contra o aborto, menos nos casos em que a vida da gestante está em risco e quando o feto é resultante de estupro. Ambos os casos já estão previstos na legislação brasileira.

    Com a retirada da assinatura de Renilce, o projeto de lei passa a ter 32 coautores, sendo encabeçado pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Dos 32 deputados, 11 são de partidos que têm ministérios no governo federal e dez são mulheres. São eles:

    – Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)

    – Evair Vieira de Melo (PP-ES)

    – Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)

    – Gilvan da Federal (PL-ES)

    – Filipe Martins (PL-TO)

    – Dr. Luiz Ovando (PP-MS)

    – Bibo Nunes (PL-RS)

    – Mario Frias (PL-SP)

    – Delegado Palumbo (MDB-SP)

    – Ely Santos (Republicanos-SP)

    – Simone Marquetto (MDB-SP)

    – Cristiane Lopes (União Brasil-RO)

    – Abilio Brunini (PL-MT)

    – Franciane Bayer (Republicanos-RS)

    – Carla Zambelli (PL-SP)

    – Dr. Frederico (PRD-MG)

    – Greyce Elias (Avante-MG)

    – Delegado Ramagem (PL-RJ)

    – Bia Kicis (PL-DF)

    – Dayany Bittencourt (União Brasil-CE)

    – Lêda Borges (PSDB-GO)

    – Junio Amaral (PL-MG)

    – Coronel Fernanda (PL-MT)

    – Pastor Eurico (PL-PE)

    – Capitão Alden (PL-BA)

    – Cezinha de Madureira (PSD-SP)

    – Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

    – Pezenti (MDB-SC)

    – Julia Zanatta (PL-SC)

    – Nikolas Ferreira (PL-MG)

    – Eli Borges (PL-TO) (autor do requerimento de urgência)

    – Fred Linhares (Republicanos-DF) (solicitou a coautoria em requerimento à parte)

    Ala feminina do MDB rejeita o projeto de lei

    Neste domingo, 16, o MDB Mulher, ala feminina do partido de Renilce, publicou uma nota se posicionando de forma contrária às mudanças na legislação atual que rege o aborto legal no País.

    “Somos a favor da vida da mulher. E esse posicionamento não pode excluir a vida das mulheres e meninas, das vítimas de violência que – muitas vezes – são revitimizadas por não conseguirem acesso ao aborto nos casos em que a atual legislação prevê. Meninas são estupradas no Brasil todos os dias. Elas são vítimas e não podem ser penalizadas por buscarem seus direitos. Não podem ser presas. E suas vidas também importam”, afirmou a ala feminina do MDB.

    Votação deve ficar para depois das eleições após repercussão negativa

    Na última quarta-feira, 12, mesmo dia em que Renilce enviou o pedido de retirada da assinatura, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) aprovou, em votação relâmpago e simbólica, a urgência do projeto de lei. Desta forma, a proposta vai ser analisada diretamente no plenário, sem precisar passar antes por discussões em comissões temáticas da Casa.

    Após a repercussão negativa da aprovação da urgência, Lira viu o próprio nome vinculado à matéria, que ficou conhecida como “PL do Estuprador”. Para remediar o dano na imagem, o presidente da Casa disse que pautará uma deputada mulher, de centro, e moderada, para ser a relatora do projeto.

    Sóstenes Cavalcante, por sua vez, deu sinais de que a proposta não deve ser votada por agora. Segundo o parlamentar, a apreciação do texto deve ficar para depois das eleições municipais de outubro.

    Nesta terça-feira, 18, o projeto vai ser tema da discussão do Colégio de Líderes. A tendência é que as lideranças partidárias foquem na regulamentação da reforma tributária. De acordo com aliados do presidente da Câmara, o tema econômico é uma “prioridade total” para ele.

    Últimas