Com as chuvas que causaram estragos neste início de ano em São Paulo, o governo do Estado monitora com preocupação o aumento de casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Até o dia 31 de janeiro, foram 2.028 casos de dengue, com uma morte registrada, cinco de chikungunya identificados e um de zika.
“Ainda estamos no início do ano, mas, com a defasagem [dos dados], ainda teremos um aumento de casos. A grande preocupação nossa para esse ano, além de dengue, é chikungunya”, confessou Dalton Fonseca Júnior, assessor técnico do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, em entrevista à Rádio Eldorado, na manhã desta segunda-feira (7).
Para ele, a situação ganha maior complexidade no momento em que a variante Ômicron do novo coronavírus continua se disseminando, o que naturalmente gerará confusão de diagnóstico. “Mas temos uma circulação [de pessoas] mais tranquila. A secretaria mantém uma rotina de treinamento e capacitação, especialmente da assistência básica. A nossa expectativa é que com a população vacinada, teremos menos casos graves de covid-19.”
Em 2021, o trabalho dos agentes de endemias foi prejudicado por causa do isolamento social imposto como medida para tentar conter a doença. “Eles não tiveram como entrar nas residências para realizar as ações. Porém, o número de casos foi semelhante ao ano de 2020.”
Além disso, febre; dor de cabeça; dor no corpo; cansaço; e mal-estar são indícios comuns em ambas doenças. “Tivemos também dificuldade nas notificações, pois os sintomas são parecidos e o pico na imprensa e setores da saúde era de covid. Sendo assim, alguns casos passaram despercebidos ou até confundidos com a covid”, lembrou.
Apesar de entender que o risco de ser contaminado pelo Aedes aegypti independe do recorte social e localização geográfica, Fonseca reconheceu que “locais com deficiência de abastecimento de água e coleta de resíduos sólidos, têm maior possibilidade de fortalecimento do vetor”. “Por outro lado, nos grandes condomínios de luxo, nossa preocupação é com a arborização; as piscinas que não recebem manutenção rotineira. Não é que a posição social do bairro implique, são os criadores [de vírus] que são diferenciados”, atentou.
O assessor técnico explicou ainda que é normal ter elevação dos casos de dengue, zika e chikungunya no verão por conta da elevação das temperaturas e chuvas no verão e que o pico na região Sudeste costuma ser em março e abril, mas não descartou a possibilidade de uma epidemia de dengue. “Vai depender da população e das condições dos agentes municipais poderem executar suas atividades. O risco existe. A expectativa é um agravamento da situação, mas se a população vistoriar sua moradia uma vez por semana, principalmente no início da manhã e final da tarde, já contribui com o poder público.”
Por fim, enfatizou ser possível contrair dengue e covid em simultâneo. “As viroses [dengue, zika e chikungunya] são transmitidas pelos mosquitos. Se a pessoa tiver em casa com covid, e aparecer uma fêmea infectada, pode transmitir o vírus para essa pessoa, que acaba desenvolvendo a dengue também”.