• Delegado que investigava acidente com Porsche em SP é transferido e deixa o caso

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  • 19/abr 18:32
    Por Caio Possati / Estadão

    O delegado Nelson Alves, que estava à frente das investigações sobre o acidente com o Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, no dia 31 de março, em São Paulo, foi transferido do 30º Distrito Policial, no Tatuapé (zona leste), e deixou o caso. Para o cargo de Alves, que assume agora o 81º DP, Belém, também na zona leste, foi escolhido o delegado Milton Burguese.

    A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) nega que a autoridade tenha sido afastada do distrito e justifica a troca como uma “mudança administrativa”. Segundo a pasta, o delegado Burguese foi para o 30° DP por ter experiência em apurações de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.

    “A unidade vem desenvolvendo investigações complexas contra membros de uma facção criminosa que atua em várias regiões do Estado, motivo pelo qual se faz necessária a experiência do delegado citado”, disse a pasta.

    “A investigação sobre a morte do motorista de aplicativo foi conduzida pelo delegado Nelson Alves, que assume o 81º DP, e está em fase final para ser relatado à Justiça”.

    A reportagem tentou contato com delegado Nelson Alves, mas não teve retorno.

    O delegado investigava as circunstâncias da morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. Ele morreu na madrugada do dia 31 de março (domingo de Páscoa), depois que o seu carro foi atingido por uma Porsche em alta velocidade, conduzida pelo empresário Fernando Sastre Filho, na Avenida Salim Farah Maluf. Viana foi socorrido, mas morreu por traumatismos múltiplos horas depois do acidente.

    Havia a possibilidade de abertura de outro inquérito para averiguar se houve prevaricação dos policiais militares que atenderam a ocorrência, no dia 31 de março. Diligências indicam que o Fernando Sastre Filho teria fugido do local do acidente e, por esse motivo, as imagens das câmeras corporais dos policiais foram requisitadas pela Polícia Civil. A defesa nega a fuga.

    O empresário foi indiciado pelos crimes de homicídio, lesão corporal – o amigo de Fernando, que estava no banco do carona, entrou em coma – e fuga do local do crime (não prestou socorro e não fez bafômetro). A Justiça de São Paulo negou os dois pedidos de prisão feitos pela Polícia Civil contra o empresário, que responde ao processo em liberdade.

    Marcus Vinicius Rocha, amigo de Fernando e que estava no banco de carona do Porsche, precisou ser internado na UTI, ficou em coma induzido e teve o baço retirado em uma cirurgia. O empresário não teve lesões graves e só se apresentou à polícia cerca de 40 horas depois do acidente.

    Antes de acertar o carro de Viana, Sastre Filho estava com a namorada e um casal de amigos em um bar, e teriam ido a uma casa de pôquer na sequência. As investigações conduzidas por Alves apuraram que o empresário teria ingerido bebida alcóolica antes da batida, e que estaria alterado quando dirigiu o carro de luxo. Testemunhas ouvidas no caso, incluindo o casal de amigos, e diligências também reforçam a hipótese.

    Fernando Sastre Filho e a namorada negam a ingestão de álcool. No depoimento à polícia, o empresário afirmou também que dirigia o Porsche “um pouco acima” do limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf quando bateu na traseira do veículo de Ornaldo Silva, mas não determinou qual era a velocidade que conduzia o carro de luxo.

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