• Danton Mello comemora 40 anos de carreira com novelas, dublagem e tempo para a família

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  • 14/nov 10:58
    Por Matheus Mans / Estadão

    A vida pode não ser sempre um ciclo perfeito, mas Danton Mello não deixa de pensar como as coisas sempre se encaixam. O ator, de 49 anos, está prestes a atingir um marco na carreira: no próximo ano, ele completa quatro décadas na televisão desde seu primeiro trabalho, com a novela A Gata Comeu. Para Danton, o momento não poderia ser mais propício: está no ar em uma novela na faixa das 18h, dublando, fazendo filmes e, sempre que pode, com a família.

    “Estou vivendo uma fase muito feliz e realizadora”, resume ele. É uma virada interessante para o mineiro, desligado da Rede Globo em 2022, em uma leva com vários outros artistas, após 37 anos de casa. A mudança, porém, acabou trazendo outros frutos: desde então, Danton está fazendo apenas aquilo que quer e passeando em várias áreas.

    “Tenho tido a chance de escolher meus projetos, e o mercado está aquecido. Escolho as histórias, os diretores e os elencos com quem quero trabalhar. Não paro de trabalhar e estou muito feliz com isso”, afirma o ator, no ar agora com o folhetim Garota do Momento. “Coincidentemente, em 2025, completo 40 anos da minha primeira novela, que também foi no horário das 18h. Estar no ar novamente, no mesmo horário, é muito simbólico para mim. Estou pronto para esse desafio, mesmo com a saudade da família e a rotina longe de casa.”

    Aliás, é ao falar da família que Danton deixa as emoções surgirem, como já aconteceu em outras conversas entrevistas, especialmente nas dos filmes Ninguém é de Ninguém e Predestinado. Se sentir necessidade, o ator chora e não esconde. O nariz começa a ficar vermelho, e as lágrimas rolam no rosto sem vergonha.

    O motivo disso é que as duas filhas moram nos Estados Unidos e Danton, com a agenda cheia de trabalhos, não consegue estar sempre com elas. Segundo ele, um período sabático no início do ano foi essencial para passar tempo com as filhas e se conectar consigo.

    “No início deste ano, tirei um tempo para descansar, especialmente porque minhas filhas vieram ao Brasil para passar uma temporada comigo. Decidi que queria estar com elas”, contextualiza Danton, visivelmente emocionado. “A minha filha mais velha ficou um mês e meio, e logo depois a mais nova chegou de um intercâmbio. Foi ótimo poder passar esse tempo com elas, ouvir suas histórias e conviver de perto, pois moro fora e sinto falta desse convívio diário. Isso me deu forças para os novos desafios que vieram depois.”

    Mundo da dublagem

    Nesse ciclo perfeito que vai se desenhando nos 40 anos de carreira de Danton Mello, uma outra faceta volta a aparecer: os trabalhos como dublador. Após voltar ao universo dos trabalhos de voz com a simpática animação brasileira Chef Jack, Mello agora faz as vezes de dublador na animação Dalia e o Livro Vermelho, que estreia nos cinemas de quinta-feira, 14.

    Danton, que já foi a voz oficial de Leonardo DiCaprio em filmes como A Praia e Titanic, faz a voz, no novo filme, de dois personagens: Adolfo, o pai da protagonista que dá nome ao longa-metragem, e de um bode que se torna o melhor amigo de Dalia após a morte do patriarca.

    Na história, acompanhamos essa garotinha vivendo o luto após a morte de Adolfo, um escritor com muita imaginação e criatividade, e que vai para o mundo imaginário dentro do romance inacabado do pai. É lá que ela faz essa forte amizade com o bode.

    “Quando recebi o convite, veio junto um material com imagens, esboços e desenhos. Achei tudo muito fofo. É uma animação que mistura técnicas, com elementos de stop motion e cenários detalhados. É um projeto diferente”, diz. “E foi interessante explorar duas vozes distintas. Para o Adolfo, usamos um tom jovem, parecido com a minha voz. Já o Bode é um personagem que não tem muita expressão, então trabalhamos com um tom bem grave.”

    Danton lembra com carinho dos tempos em que trabalhava muito focado em dublagem – com trabalhos nos estúdios da Herbert Richers e dividindo vozes com nomes como Mário Monjardim e Orlando Drummond. “A dublagem me ensinou a usar a voz, a brincar com a voz. Aí veio o desafio de conciliar a dublagem com as novelas, que acabavam ocupando minha agenda. Com o tempo, fui me afastando da dublagem e fazendo mais participações pontuais”, afirma. “Esse convite foi especial por me permitir retornar a esse universo.”

    Por fim, ele diz que não tem planos direcionados de voltar a dublar como antes – a agenda continua sendo a principal pedra no caminho. Danton diz que o que manda na hora de decidir o próximo trabalho é a conexão com a história, com os personagens e sentimentos.

    “Essas histórias sempre me tocam”, diz ele, voltando ao tema da família. “Minhas filhas já são adultas, têm 23 e 21 anos. Elas moram fora do Brasil, mas sempre tive uma relação muito próxima com elas. Incentivei muito a criatividade e a imaginação. Inclusive, minha filha mais velha fez roteiro de cinema e quer trabalhar com animação. Sempre achei importante cultivar a imaginação e a criatividade. O filme mostra isso: uma menina de 12 anos que perdeu o pai e, de certa forma, encontra esse apoio emocional dentro de um livro. Acho que a animação vai tocar o coração das pessoas, tanto das crianças quanto dos pais.”

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