O Painel Covid-19 da Secretaria Municipal de Saúde mostra que em janeiro foram confirmados apenas 40 novos casos para a doença, mas os postos de saúde mostram uma realidade bem diferente. Nesta quarta-feira(19), na USB Quitandinha, às 7h30 já havia uma fila de espera de quase 40 pessoas aguardando o início da testagem. No decorrer da manhã a fila duplicou. No último sábado, dos pouco mais de 1 mil testes realizados, em vários postos, 400 tiveram resultado positivo. O atraso na divulgação das informações sobre a confirmação de casos deixa o município no escuro em relação à pandemia.
O último boletim atualizado, nesta terça-feira(18), mostra que há 1.272 casos em análise, destes, apenas 11 casos suspeitos são referentes a janeiro. Com as ações de coleta para o teste rápido de antígeno (swab via nasal), o resultado fica pronto em 15 minutos. Mas, na prática, os dados demoram semanas para serem inseridos no sistema.
Na UBS do Quitandinha, por exemplo, são disponibilizadas 150 senhas para a realização de testes, divididas em três horários. No primeiro horário, às 8h, a fila superava as 50 senhas disponibilizadas. E quem não conseguiu, também não foi embora, já aguardando a nova remessa de senhas que seriam distribuídas às 13h.
No sábado não foi diferente. De acordo com a Secretaria de Saúde foram realizados mais de mil testes entre 8h e 13h, em 10 unidades de saúde, e 400 resultados positivos, o que mostra o aumento na demanda.
É inegável que a vacinação seja o principal fator que tem feito com que os novos casos de covid-19 não se agravem. Mas a circulação do vírus voltou ao pico registrado na metade do ano passado. O avanço da variante Ômicron em todo o Estado é uma preocupação. Até o dia 06 de janeiro, haviam 397 suspeitos e 127 confirmados no estado.
Na cidade, de acordo com a última atualização da Secretaria de Saúde, três casos de Ômicron foram confirmados e outros nove estavam sob investigação.
Apagão de dados
Petrópolis não é exceção em relação à falta de informações sobre a pandemia. Em dezembro, o Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker que derrubou sites, aplicativos e sistemas de informação do governo federal. O sistema de notificações sobre covid-19 e sobre vacinação ficaram fora do ar. O Ministério chegou a informar que os dados foram restabelecidos, no dia 21 de dezembro, mas não foram atualizados. Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde, disse que a previsão era de que todo o sistema retornasse até 15 de janeiro.
Mas o impacto desse apagão de dados refletiu em todas as esferas. A Secretaria de Estado de Saúde divulgou duas notas sobre a impossibilidade de atualização do boletim epidemiológico estadual devido a queda nos sistemas federais. O município, por sua vez, não tem atualizado o Painel Covid-19 de acordo com a alta demanda das últimas semanas. O cenário é incerto para os novos casos, e para a circulação da variante Ômicron no Estado.
Bandeira vermelha: Matriz de Risco Alto
Mesmo com dados defasados, a Secretaria de Saúde afirma que a Matriz de Risco que consta no Painel Covid-19 reflete a realidade. Nesta terça-feira, a Matriz mostrava que Petrópolis está com risco alto de transmissão da doença. A Tribuna questionou a prefeitura sobre a confiabilidade dos dados, já que o 64º Mapa de Risco da Secretaria de Estado de Saúde classificou Petrópolis como baixo risco, na bandeira amarela. O Estado compara as semanas entre 02/01/2022 a 08/01/2022 com as semanas 19/12/2021 a 25/12/2021.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que os dados referentes à testagem realizada no último sábado (15) ainda estão sendo inseridos no sistema para a atualização do painel. Na ocasião, foram realizadas mais de mil testagens. A Secretaria informou ainda que o painel de monitoramento é atualizado diariamente e, na segunda-feira (17) eram 43 pessoas internadas, sendo 27 em leitos clínicos públicos e privados e 16 em leitos de UTI públicos e privados. Sobre a matriz de risco, a secretaria voltou a afirmar que o painel é atualizado todos os dias e reflete a situação atual da cidade. E disse que o mapa divulgado pelo Estado utiliza dados referentes há duas semanas anteriores.