• Cultura num país sem memória

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 24/02/2017 12:00

    Raros os que se interessam em ler e mais raros os que se interessam no passado, preservando a memória. Preferem a comodidade do “ouvir dizer” do que uma análise dos fatos com bom senso. Ninguém tem coragem de emitir uma  opinião contestadora, até para não ser tachado de ignorante. Alguém já disse: “É  com a  madeira  das  embarcações  do passado que poderemos construir as  pontes  para  o futuro”. Infelizmente queimaram grande parte da madeira do passado e não há como construir pontes para o futuro.

    Afirmo isso  por constatar o desprezo da  maioria  das pessoas com nosso  passado, como agora  vemos  uma entidade cultural da cidade se deteriorar diante de todos, inclusive dos integrantes e da própria diretoria, já que há quatro anos vem sendo destruída, literalmente, por descaso e por incompetência, chegando à  irresponsabilidade de jogá-la ao léu como trapo imprestável. E quem se responsabilizará?

    Existem certas curiosidades no comportamento das pessoas com relação à cultura literária pois todos se julgam sapientes mas cobrem de fumaça seu ego. Ninguém sustenta um diálogo dentro do bom senso com análise dos diversos parâmetros. De um modo geral, a prosa, apesar da Semana de ´22, não sofreu solução de continuidade pois o estilo bastante rebuscado da época de Machado de Assis, foi-se modernizando no passar do tempo, mas isto na prosa, pois no verso, até Machado foi jogado para o lado e desprezado por escreve-los em sonetos – não seria um desrespeito ao escritor, referência até hoje na prosa e por que não no verso? Incongruências nunca questionada pelos defensores de  “22”.

    Uma estudiosa do assunto – Regia Coeli- está há alguns meses debruçada sobre a criação de seu blogue: “O secular soneto”, um trabalho ainda incompleto, para provar a grande preferência pelo soneto de grande parte dos poetas, mesmo os nascidos bem depois da “Semana de ´22”, mas como disse o escritor Frederico Trotta, no livro “Poetas Cariocas” (Vecchi, 1966): “Em todos os tempos foi a publicidade que fixou renomes. Na  literatura coube aos  críticos forçar a  entrada na fama de valores secundários e ignorar os de real grandeza. E vemos o fato se repetir, mais rápido, nos dias atuais.”

    Assim, é a  mídia que fixa valores literários, bem como os estilos adotados – tudo uma questão de interesse comercial como qualquer novela, música ou cantor que mais lucro propicie pelo fanatismo do povo. Assim também são conduzidos os intelectuais para satisfazer seu ego. jrobertogullino@gmail.com


    Últimas