• Cuidado, é frágil

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  • 10/07/2017 12:00

    A morte nos desestabiliza a todo instante, principalmente quando vem pelo inesperado.  Embora esteja sempre presente, constante, contínua, surpreende-nos, porque rarissimamente é desejada.  

    A natureza humana é perecível. Caminhamos para o fim, independente da nossa vontade. Para os arrogantes e prepotentes, talvez seja desagradável saber que todos nós, indiscriminadamente, estamos sujeitos à putrefação. A carne humana apodrece como a dos outros animais, por isso não faz sentido algum as segregações. A morte evidencia a importância da humildade. 

    Quando lamentava o falecimento do professor Roberto Francisco, o também educador José Ozanam me disse:

     “Mas é a lei da vida e também da humana, a duração. Cada ser inanimado e mais ainda os animados têm um tempo de duração. Tempo e espaço, como dizem os astrofísicos da atualidade, são eternos e infinitos. Assim sendo, não se vai para a eternidade, pois já estamos dentro dela. O problema quanto à nossa individualidade existente é permanecer nessa eternidade que constitui a essência do Divino. Quando Deus se revela a Moisés no monte Horeb, na forma de uma sarça ardente, Ele diz a Moisés, Eu sou, Iaveh, toda essa Existência sou Eu, da qual todos participam, são partes. Eu estou em tudo e tudo está em Mim, eternamente e na infinitude do tempo e do espaço que sou Eu. O que podemos desejar ao falecido confrade da Academia é o que o ofício dos mortos relembra orando: ‘Requiem aeternam dona ei Domine, et Lux perpetua luceat ei’. Lumen Christi!”

    Concordei com esse mestre, que foi meu professor de Filosofia no período universitário. Estamos limitados ao tempo e ao espaço, mesmo sonhando com a eternidade. Esta sempre aparece no âmbito metafísico, uma vez que, no plano material, torna-se impalpável. É inconcebível a ideia de eterno sem admitir a existência de um Ser Supremo, sem princípio e sem fim. E, nessa dimensão, a fé é imprescindível, pois vai muito além da crença. E quanto maior é a fé, mais se encontra bálsamo para a dor da partida de um ente querido, porque nela, está o amor de forma operante, que se faz presente na caridade. Não tenho dúvida, só o amor conduz à eternidade. Ninguém chegar à instância da Plenitude do Bem sem amar. Por isso que gostei do poema que o mestre Ozanam me enviou com o pseudônimo De Castro a Jocastro, que tem como título “A Despedida”:

    Quando eu for/ irei sozinho, / sem saber p´ra onde vou./ Não levarei nada/ de bens materiais,/ ouro, prata, vinténs…/ Mansões, casas ou casebres,/ nem títulos ou honrarias…/ nem amigos ou amigas./ Tudo fica!/ Meu próprio corpo também. Parto só!/ Sem saber pra onde vou!/ Na espera do inesperado,/ o que posso encontrar? Nada!?… A ausência do ser?/ Ou a existência?/ Que continua eternamente?/ O infinito do espaço e do tempo?/ A eternidade em Deus!/ Viajarei sempre… sempre… para sempre…./ conhecendo e contemplando/ as divinas criações.”

    O desprendimento dos bens materiais possibilta uma aceitação maior da morte. E, quando esta é consumada, prevalece a imaterialidade. O que se fez com amor é o que fica para as boas lembranças. 

    A cidade de Petrópolis lamenta o falecimento do Padre José Augusto Carneiro, mais conhecido como Padre Jac. O que ele fez pelos menos favorecidos e as suas ações sociais estarão para sempre na lembrança dos petropolitanos. E, no dia do sepultamento deste, recebi a notícia do falecimento do ilustre professor Otto de Alencar de Sá-Pereira, que trabalhou, por vários anos, na Universidade Católica de Petrópolis, com relevantes serviços prestados à causa educacional.

    Ataualpa A.P. Filho

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