• Cuidado com o coração após covid-19: saiba as orientações para volta aos exercícios

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  • 29/01/2021 18:39
    Por Luiz Henrique Almeida

    Levantamentos realizados ao redor do mundo calculam que até 16% dos pacientes com covid-19 apresentam algum tipo de complicação cardíaca. Os danos ao coração independem do grau da doença, mesmo os quadros mais leves podem trazer prejuízos ao sistema cardiovascular.

    O problema é que, muitas vezes, essa sequela no peito não dá sintoma algum e a pessoa só vai sentir suas consequências ao exigir um trabalho extra do sistema cardiovascular.

    Isso acontece, por exemplo, durante uma atividade física: o coração precisa bater mais para bombear sangue aos músculos e, se tiver com algum dano provocado pelo coronavírus, pode funcionar mal e até pifar.
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    Entre as recomendações mais importantes, o destaque é marcar uma consulta com um médico, que vai pedir alguns exames cardiológicos antes de liberar a realização de qualquer esforço mais intenso.

    Mas como o coronavírus afeta o coração?

    Foi-se o tempo em que a covid-19 era encarada apenas como uma doença respiratória. Hoje em dia, sabe-se que ela não se limita aos pulmões e tem diversas repercussões no organismo, com ataques ao intestino, aos rins, ao cérebro e, claro, ao coração.

    No músculo cardíaco, o Sars-CoV-2, vírus responsável pela pandemia atual, tem uma ação direta e indireta. Em primeiro lugar, o patógeno pode se alojar ali e devastar as células do órgão.

    A infecção gera uma resposta desmedida do sistema imune. Isso, por sua vez, leva a um estado de inflamação que prejudica o funcionamento de várias partes do corpo (entre elas, o próprio sistema cardiovascular).

    “Esses processos podem levar a uma miocardite, com o surgimento de áreas com cicatrizes e fibroses que estão relacionadas a arritmias”.

    A arritmia nada mais é do que um descompasso nas batidas que permitem o coração contrair para bombear sangue pelas artérias. Num momento de esforço, o órgão precisa trabalhar com muita rapidez e eficiência, já que aumenta a demanda por oxigênio e nutrientes do corpo inteiro.

    É exatamente numa situação dessas em que esse desajuste cardíaco pode dar as caras. “A miocardite é uma das causas de morte súbita mais frequentes”.

    Estima-se que um piripaque desses possa acontecer até 60 dias após o diagnóstico e a recuperação da covid-19.
    Os estudos feitos durante a pandemia mostram que as complicações cardiovasculares relacionadas ao coronavírus aparecem mesmo nos quadros mais leves. A infecção pode ser um fator que piora uma doença cardíaca pré-existente, mas também é o gatilho para o surgimento de uma enfermidade no peito em cerca de 12% dos pacientes.

    Como se proteger?

    Os especialistas indicam que todos os recuperados realizem ao menos o eletrocardiograma, um exame simples que mede como está a atividade elétrica do coração — que é responsável por regular os batimentos deste músculo.

    Agora, para os casos mais graves ou para os atletas profissionais e praticantes de esportes competitivos, o check-up depois da covid-19 precisa ser mais completo.

    Além do eletrocardiograma, outros exames, como a dosagem no sangue da troponina (uma proteína que fica alterada quando o coração não está bem), o teste ergométrico (aquele feito numa esteira para medir a resistência física, cardíaca e pulmonar), o holter (que mede a pressão arterial durante 24 horas) e até uma ressonância magnética.

    Se os resultados estiverem ok, a pessoa está liberada para retomar os treinamentos. Caso apareça alguma alteração, ou seja, diagnosticada a tal da miocardite, é importante aguardar mais um pouco. “Geralmente o paciente precisa ficar entre três e seis meses de repouso e fazer algumas reavaliações nesse meio-tempo para ver como a situação evolui”.

    O recomeço e os cuidados básicos

    Para aqueles que receberam o sinal verde para voltar à academia, à pista, ao ginásio ou aos gramados, é importante pegar leve no início. Não dá pra empregar o mesmo ritmo de antes da pandemia, pois o corpo está desacostumado e perdeu condicionamento nos últimos meses.

    “O retorno precisa ser gradativo e vale fazer um fortalecimento muscular antes de partir para o treinamento aeróbico, como correr ou andar de bicicleta”, sugere Colombo. Ter a orientação de um profissional de educação física é ainda mais essencial neste momento.

    Não custa reforçar também as medidas básicas de proteção contra o coronavírus. Procure fazer exercícios em casa ou em lugares abertos, como parques, praças e clubes, com boa circulação de ar.

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