• Crise no transporte público: empresas descumprem regras de operação

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  • Reportagem flagra ônibus sem acessibilidade e com fabricação de 2008

    27/ago 08:31
    Por Wellington Daniel

    Acidentes, quebras constantes, atrasos e não cumprimentos de viagens são os problemas enfrentados diariamente pelos usuários do transporte público na cidade. Além disso, as empresas também descumprem leis e regulamentações em vigor. Um exemplo, é uma lei de 2022, que prevê a afixação do tempo limite de uso na traseira dos coletivos. O texto foi regulamentado em outubro de 2023, dando 180 dias para as empresas se adaptarem, o que ainda não foi feito.

    Neste domingo (26), a reportagem também flagrou o coletivo de prefixo 22106 da Petro Ita que não tinha nem mesmo o elevador para acessibilidade. O veículo foi fabricado em 2008, o que afronta uma resolução da CPTrans que limita o tempo de uso para 11 anos. Para completar a lista de irregularidades, o ônibus também está com a documentação vencida, já que o último licenciamento foi feito em 2022.

    A lei municipal 6090/2004 prevê a acessibilidade dos coletivos em diversos pontos. Em um deles, a legislação estipula a qualidade do serviço prestado, segundo critérios estabelecidos pelo Poder Público, em especial, quanto à comodidade, conforto, rapidez, segurança, regularidade, continuidade, eficiência, freqüência, pontualidade, atualidade tecnológica e acessibilidade.

    Já a regulamentação da lei 8.403/2022, prevê também que o número da linha operada esteja disponível na traseira do veículo. Porém, os ônibus “alongados” que operam na linha 100, da Cidade Real, não possuem esta informação.

    Usuários avaliam mal as condições dos veículos

    Depois de cobranças, a CPTrans também disponibilizou, em seu site, os resultados do estudo realizado pela Coppe/UFRJ. Pela opinião dos usuários do transporte público, a maior parte dos pontos apresentados na Lei 6090/2004 não vêm sendo respeitada, com os entrevistados avaliando negativamente o tempo de espera, lotação e conservação dos veículos.

    No Terminal Itaipava, por exemplo, 27,6% dos usuários consideraram o tempo de viagem do transporte público em geral como péssimo. Outros 26,2% acreditam que é ruim. Há ainda 27,2% que consideram regular. Apenas 0,8% consideram como ótimo e 17,8% consideram como bom. A pesquisa ainda traz que 0,4% não souberam ou não responderam.

    Já em relação a lotação dos coletivos da cidade, 50,6% dos usuários do Terminal Itaipava classificaram como péssimo. Para 24,2% dos entrevistados é ruim. Há, ainda, 17,6% que consideraram como regular. Os votos para bom ficaram em 6,5% e apenas 0,7% avaliaram como ótimo.

    A avaliação da conservação e limpeza dos veículos de forma geral, foi pior no Terminal Centro, onde 48,3% dos usuários consideraram como péssima. Houve, ainda, 20,5% dos entrevistados que votaram como ruim. Como regular, foram 14,7% das opiniões. Bom, obteve 15,6% e apenas 0,5% classificaram como ótimo.

    Problemas em coletivos

    Até às 13h30 desta segunda-feira (26), passageiros relatavam 14 problemas em coletivos, sendo um da Cidade das Hortênsias (prefixo 3052) e os demais da Petro Ita. Dentre eles, um acidente com coletivo prefixo 2107, que fazia a linha 209 – Valparaíso e atingiu um muro.

    Os passageiros relataram problemas no freio do coletivo, o que foi negado pela empresa. Segundo a Petro Ita, houve excesso de óleo na pista. Disse que “jamais colocaria um veículo com problemas de freio para circulação” e que não foi necessário reboque pra retirada do coletivo.

    A reportagem teve acesso a íntegra de duas auditorias contratadas pela CPTrans em março e maio deste ano. Na ocasião, a maioria dos veículos da Petro Ita foi reprovada e uma das causas comuns era o vazamento de óleo. O coletivo de prefixo 2107 não consta na listagem.

    Procuradas, nem a CPTrans, nem as empresas responderam aos contatos.

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