• Crise muda os hábitos de quem vai se casar

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  • 21/06/2016 11:00

    Casamento é uma coisa cara. Fato dado. Quando se trata do mercado de casamentos, o céu é o limite. No Brasil, principalmente, as festas têm se tornado eventos enormes – às vezes megalomaníacos. E os noivos – talvez pelo perfil festivo de nossa cultura – embarcam nas modas que se apresentam e se criam dia após dia (como não se encantar com as lindas inspirações que encontramos pelo Instagram e Pinterest?). Com a atual crise econômica pela qual o Brasil e outros países têm passado, este mercado também tem sido afetado. Porém, o que se vê é que os noivos que têm o sonho de se casar e fazer uma festa para a celebração não têm deixado de fazê-lo por conta da crise. O que acontece é que há maneiras de diminuir custos, aparar arestas (e modinhas desnecessárias) e até diminuir o número de convidados. Jogar a data mais para frente ou ainda adiar temporariamente o sonho também tem sido um recurso utilizado pelos noivos apaixonados e festeiros.

    “Sempre sonhei em me casar, mas nunca me imaginei ostentando dinheiro em uma festa. Sempre quis algo simples, mas que tivesse o nosso jeitinho”, contou a estudante de biomedicina Larissa Menezes, que casou em janeiro desse ano. Mas, mesmo tendo em mente algo sem muito luxo, ela conta que a crise afetou o planejamento do casamento: “Principalmente pelo fato de o meu marido trabalhar no ramo offshore, que está sendo muito afetado. Nós não queríamos começar o nosso casamento com dívidas, correndo o risco de perder o emprego. Economizamos o máximo possível e fizemos nossa festa com o dinheiro que tínhamos, sem acumular dívidas”, disse.

    Já a noiva Grace de Souza Cabral planeja um casamento para 2017. Ela e o noivo haviam marcado a data do casamento com 15 meses de antecedência. Porém, nesse meio tempo, a empresa em que noivo trabalha, terceirizada na área do petróleo, fechou e ele ficou desempregado. “No momento, nós estamos analisando e não sabemos se conseguiremos manter a data que havíamos marcado. Resolvemos esperar um pouco para começar a fechar os contratos”. Assim como Grace, muitos noivos têm “jogado para frente” a data do casamento, mas para ter mais tempo para pagar pelos serviços – é o que afirma a cerimonialista petropolitana Natasha Cohn. Ela acredita que o mercado de casamentos não foi impactado pela crise como os demais setores: “O mercado de casamentos é forte e sempre se adapta. Porque sempre tem gente querendo casar! As pessoas não deixam o sonho de lado, mas se planejam melhor”, afirmou. “Você até pensa em não ter festa. Mas aí você pensa no depois… E penso que vou me arrepender de não ter feito, vou ficar frustrada”, comentou Grace.

    Natasha conta que para economizar, muitos noivos têm aberto mão de certos detalhes, principalmente da área de atrações, como a contratação de bandas ao vivo, MC’s e músicos instrumentistas para a cerimônia. Outra estratégia apontada pela cerimonialista, que já trabalha há 10 anos no mercado de casamentos, é a de que os próprios noivos, amigos ou familiares fazem alguma coisa para ajudar na celebração. É o caso da Larissae do Ramon: “Eu abri mão de encomendar coisas diretamente com o serviço de buffet e, ao invés disso, mobilizei a família e os amigos para me ajudar com os doces, bolos e lembrancinhas do casório. Eu mesma fiz o convite e economizei bastante com isso”, contou a ex-noiva. Além disso, noivos que já moram juntos têm optado por receber como presente dos padrinhos e convidados a contratação de alguns serviços para a festa ou, ainda, fazer listas de cotas de lua-de-mel para ajudar na viagem, ao invés das tradicionais listas de presentes.

    O DJ petropolitano Caio Martinez acredita que os efeitos da crise são sentidos a longo prazo, pois no mercado de casamentos os serviços são contratados com antecedência de um a dois anos. Em 2015, que foi um ano de grande recessão na economia do país, o DJ teve grande número de casamentos realizados, pois eram referentes a contratos fechados em 2013 e 2014. E, na opinião de Caio, o mercado de Petrópolis sentiu mais a crise que o mercado do Rio de Janeiro – embora muitos cariocas estejam optando por casar na Serra, por ser mais barato. Isso tudo para quem quer festa. Os que não fazem questão, casam apenas no Cartório. Lá, o número de casamentos realizados não diminuiu, mas de acordo com o oficial do 1° Distrito Civil de Petrópolis, Luiz Manoel Carvalho dos Santos, aumentou o número de casamentos realizados com gratuidade. Segundo o oficial, o processo que antes passava por um juiz e pelo Ministério Público, agora é todo feito no cartório, simplificando muito as coisas. “Além disso, como agora o cartório está funcionando em novo espaço, na Avenida Koeler, temos um salão grande, onde muitos casais tiram fotos. Muitos optam até por tirar fotos na Catedral, que é aqui perto”. Contudo, para quem quiser um casamento religioso com efeito civil, por exemplo, o montante de taxas está saindo por R$ 764,64 – acrescidas as taxas para renovação das certidões de casamento dos noivos, que agora é obrigatória, totalizando quase R$ 1 mil.

    De acordo com Luiz Manoel, o requerimento é legal e é para “segurança jurídica do ato, para evitar que se case duas vezes”. Ao realizar o casamento, uma notação é enviada para o cartório de origem da certidão de nascimento. O oficial afirma, entretanto, que para a renovação das certidões também é possível conseguir a gratuidade: “qualquer pessoa, de qualquer lugar, pode conseguir, conversando conosco e assinando um termo”.

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